ALFABETIZAÇÃO, Falha em método pode dificultar o aprendizado.
Nem sempre está na criança a dificuldade de aprender a ler e escrever. O processo educacional falho pode estar ligado ao método de ensino adotado. Essa foi a conclusão a que chegaram especialistas em três seminários internacionais sobre alfabetização e/ou distúrbios da aprendizagem, realizados no Brasil, em maio, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), nos quais foram apresentadas dezenas de pesquisas científicas nacionais e internacionais.
Os simpósios internacionais terão, como desdobramento, encontro, amanhã, em Maracanaú, que vai discutir as estratégias de alfabetização.
Para o professor e especialista em Educação, João Batista, nenhuma medida isolada resolve os problemas educacionais. "Mas é claro que há ações que são importantes e o método pode ser uma delas", afirma.
O mais grave problema da educação brasileira, segundo especialistas, ainda é a incapacidade de alfabetizar as crianças nos primeiros anos de escola, comprometendo todo o seu desempenho acadêmico posterior. Mais de 50% delas chegam ao 5º ano sem saber ler e escrever, segundo dados da última Prova Brasil. No Nordeste, a situação é ainda mais alarmante, mas o Ceará desponta como um dos Estados que mais avança na aprendizagem das crianças nos primeiros anos de escola, graças ao programa Alfabetização na Idade Certa. Prova disso é que o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do 5º ano das crianças cearenses, que em 2005 estava aquém da média nacional, é hoje o único do Nordeste que atinge a média.
Para o professor João Batista Oliveira, organizador do seminário que acontecerá em Maracanaú e especialista em Educação, os dados da Prova Brasil têm demonstrado que o desempenho dos alunos se encontra muito aquém do necessário. "Isso é muito preocupante, pois a educação é o único meio de ascensão social, a condição para as pessoas saírem da pobreza e melhorar de vida. E também é condição para o País se tornar competitivo", afirmou.
Além disso, os simpósios questionaram o método construtivista, adotado atualmente no Brasil, mas que não é comprovado pelos estudos científicos feitos em diversos países ao longo dos últimos 20 anos. Essa corrente nega a necessidade do ensino explícito por entender que a criança deve ser levada a aprender por si mesma, criando e testando hipóteses acerca da matemática, da ciência e, inclusive, da escrita.
No entanto, os desafios ainda são enormes no Ceará, onde o percentual de crianças que estão no nível adequado de alfabetização é de apenas 50%. Apesar da melhora que aconteceu em quatro anos, quando esse número era de 29%, ainda é preciso avançar mais, conforme Márcia Campos, coordenadora de cooperação com os municípios e responsável pelo Programa Alfabetização na Idade Certa. Fora isso, no 5º ano, o Português tem 12% das crianças no nível adequado e 10% em Matemática, que são muito baixos. "Precisamos solicitar dos municípios mais investimentos em educação", frisa.
De acordo com o professor João Batista Oliveira, o Ceará apresenta um dos melhores desempenhos do Nordeste, mas situa-se abaixo da média brasileira, que não é elevada. "Apesar de iniciativas e esforços isolados, nem o Brasil nem o Ceará estão prontos para fazer uma necessária reforma na educação", pontua. Conforme Oliveira, o Ceará tem levado a sério a questão da alfabetização no 1º ano. Isso não vai revolucionar a educação, mas é essencial. "Sem isso nada do resto adianta", analisa.
Na alfabetização, há várias questões importantes, segundo ele. "Uma delas é definir com clareza o que é um aluno alfabetizado, e saber como avaliar.
A outra é definir quando é a idade certa - o governo do Ceará tem uma política que considera o 2º ano da escolaridade, as evidências indicam que deve ser o 1º ano, como é na escola particular, ou como já é feito com grande êxito no município de Sobral. Uma terceira é a questão do professor, é necessário formar e certificar professores alfabetizadores, que conheçam a teoria e prática de alfabetização. E outra questão do método de alfabetizar".
Propostas.
Para o professor e mestre em Educação, Marco Aurélio de Patrício Ribeiro, ainda faltam, para o Ceará, envolver a família no processo educacional, aproximar da biblioteca das comunidades e que o Estado possa colocar dois professores na 1ª série. Essa última é uma proposta defendida por Marco Aurélio de Patrício Ribeiro para que os alunos com deficiência grave tenham uma atenção especial.
Outra proposta é investir no projeto que promove reforço no turno inverso, tanto para os alunos com dificuldade em aprender, como para que os estudantes bons possam ser preparados para olímpias acadêmicas, por exemplo. "Chegaríamos a índices surpreendentes em pouco tempo", conclui.
LINA MOSCOSO
REPÓRTER
Os simpósios internacionais terão, como desdobramento, encontro, amanhã, em Maracanaú, que vai discutir as estratégias de alfabetização.
Para o professor e especialista em Educação, João Batista, nenhuma medida isolada resolve os problemas educacionais. "Mas é claro que há ações que são importantes e o método pode ser uma delas", afirma.
O mais grave problema da educação brasileira, segundo especialistas, ainda é a incapacidade de alfabetizar as crianças nos primeiros anos de escola, comprometendo todo o seu desempenho acadêmico posterior. Mais de 50% delas chegam ao 5º ano sem saber ler e escrever, segundo dados da última Prova Brasil. No Nordeste, a situação é ainda mais alarmante, mas o Ceará desponta como um dos Estados que mais avança na aprendizagem das crianças nos primeiros anos de escola, graças ao programa Alfabetização na Idade Certa. Prova disso é que o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do 5º ano das crianças cearenses, que em 2005 estava aquém da média nacional, é hoje o único do Nordeste que atinge a média.
Para o professor João Batista Oliveira, organizador do seminário que acontecerá em Maracanaú e especialista em Educação, os dados da Prova Brasil têm demonstrado que o desempenho dos alunos se encontra muito aquém do necessário. "Isso é muito preocupante, pois a educação é o único meio de ascensão social, a condição para as pessoas saírem da pobreza e melhorar de vida. E também é condição para o País se tornar competitivo", afirmou.
Além disso, os simpósios questionaram o método construtivista, adotado atualmente no Brasil, mas que não é comprovado pelos estudos científicos feitos em diversos países ao longo dos últimos 20 anos. Essa corrente nega a necessidade do ensino explícito por entender que a criança deve ser levada a aprender por si mesma, criando e testando hipóteses acerca da matemática, da ciência e, inclusive, da escrita.
No entanto, os desafios ainda são enormes no Ceará, onde o percentual de crianças que estão no nível adequado de alfabetização é de apenas 50%. Apesar da melhora que aconteceu em quatro anos, quando esse número era de 29%, ainda é preciso avançar mais, conforme Márcia Campos, coordenadora de cooperação com os municípios e responsável pelo Programa Alfabetização na Idade Certa. Fora isso, no 5º ano, o Português tem 12% das crianças no nível adequado e 10% em Matemática, que são muito baixos. "Precisamos solicitar dos municípios mais investimentos em educação", frisa.
De acordo com o professor João Batista Oliveira, o Ceará apresenta um dos melhores desempenhos do Nordeste, mas situa-se abaixo da média brasileira, que não é elevada. "Apesar de iniciativas e esforços isolados, nem o Brasil nem o Ceará estão prontos para fazer uma necessária reforma na educação", pontua. Conforme Oliveira, o Ceará tem levado a sério a questão da alfabetização no 1º ano. Isso não vai revolucionar a educação, mas é essencial. "Sem isso nada do resto adianta", analisa.
Na alfabetização, há várias questões importantes, segundo ele. "Uma delas é definir com clareza o que é um aluno alfabetizado, e saber como avaliar.
A outra é definir quando é a idade certa - o governo do Ceará tem uma política que considera o 2º ano da escolaridade, as evidências indicam que deve ser o 1º ano, como é na escola particular, ou como já é feito com grande êxito no município de Sobral. Uma terceira é a questão do professor, é necessário formar e certificar professores alfabetizadores, que conheçam a teoria e prática de alfabetização. E outra questão do método de alfabetizar".
Propostas.
Para o professor e mestre em Educação, Marco Aurélio de Patrício Ribeiro, ainda faltam, para o Ceará, envolver a família no processo educacional, aproximar da biblioteca das comunidades e que o Estado possa colocar dois professores na 1ª série. Essa última é uma proposta defendida por Marco Aurélio de Patrício Ribeiro para que os alunos com deficiência grave tenham uma atenção especial.
Outra proposta é investir no projeto que promove reforço no turno inverso, tanto para os alunos com dificuldade em aprender, como para que os estudantes bons possam ser preparados para olímpias acadêmicas, por exemplo. "Chegaríamos a índices surpreendentes em pouco tempo", conclui.
LINA MOSCOSO
REPÓRTER
Fonte DN
Nenhum comentário
Comente Esta Noticia