Quando o Zeppelin cruzou os céus de Ipueiras.

Cruzava a Europa em viagens aos Estados Unidos e a partir de 1931 passou a fazer viagens à América do Sul.
As viagens transoceânicas no Zeppelin deslumbravam seus passageiros, os quais futuramente passariam em meados da década de 30 a utilizar os aviões.
Os Zeppelins quando vinham da América do Norte em direção a do Sul, cruzavam alto o céu do sertão e pouco se via daquele enorme balão, já na época pela fama apelidado de “charuto voador”.O fato que narro deu-se numa noite de tempestade, cheia de relâmpagos e forte ventania em 1933. Nesta noite o grande dirigível foi visto sobrevoando Ipueiras, quase como a rodopiar no céu.
Havia muita ventania e chuva fina a antecipar um grande temporal, e durante quinze a vinte minutos o dirigível passou baixo, talvez lutando contra as fortes rajadas de vento, baixando de altitude e aproveitando-se da singular topografia de morros da cidade, num formato quase perfeito de uma ferradura. Quem sabe a proteger-se ou tomar equilíbrio para voltar as alturas.
O povo estava nas ruas, pois a chuva era ainda fina, fascinado-se com àquele espetáculo. Os relâmpagos iluminavam o céu da cidade e o balão podia ser visto riscando as grossas nuvens, o povo via a cada relâmpago o formato gigantesco do engenhoso veículo aéreo, em rota a contornar os morros.
Depois ao leste foi sumindo. Só as luzes das cabines eram agora vistas, cada vez menores até sumir. A chuva então começou a cair forte, e o povo foi abrigar-se nas casas, comentando o fantástico acontecimento.
No dia seguinte era o assunto que se falava, a passagem do “charuto voador” pelos céus da cidade, fato que nunca mais registrou-se e por não mais repetir-se, de tanto contar-se, calou-se no povo o assunto, até cair no esquecimento.
Numa carta antiga porém, ficou registrado a passagem do Zeppelin pelos céus de Ipueiras. Enviada por um jovem a um primo em Belém do Pará.
No trecho ainda legível ele anotou “... o balão esquisito mais a parecer um charuto imenso rodou no céu ... pensar, e se atingido por um raio, que naquela noite tudo iluminava, rápido teria caído da altitude, e explodido em um dos morros, que da cidade muito se acercam ... seria de fato seriamente primo, uma grande tragédia que espero nunca ocorra com tal belo e colossal engenho ...”
Fonte: O Povo
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