Pe.Emídio, Pároco de Bela Cruz, concede entrevista na rádio Genoveva Fm
Entrevista publicada no blog da rádio Genoveva Fm de Bela Cruz-Ce, em 01 de Março de 2012.
O
diretor presidente da rádio Gems Fm 103,5 e ex-pároco de Reriutaba,
Padre Emídio Moura Gomes é entrevistado no “PROGRAMA BELA CRUZ COMO TE
AMO” que tem a apresentação de Edilson Carvalhedo Sampaio (Fundador,
representante legal e Diretor Geral da Radio Comunitária Genoveva FM de
Bela Cruz)
Edilson Sampaio–Bom
dia padre EMÍDIO MOURA GOMES, antes de tudo declaramos que nos sentimos
muito honrados com a presença de Vossa Reverendíssima aqui nos estúdios
da Radio Comunitária Genoveva FM de Bela Cruz. - Padre, como a
população tem demonstrado a sua aceitação e participado das cerimônias
litúrgicas religiosas?
Pe Emídio -
Eu percebi desde a minha primeira chegada aqui, quando eu cheguei na
noite do dia 20 de janeiro, várias faixas de boas vindas. Depois a
presença de vários grupos na minha casa. Uma seresta que fizeram pra mim
na primeira noite que dormi aqui em Bela Cruz e depois a multidão na
minha posse e muita gente me procurando para conversar, para se
aconselhar, para se confessar e a presença maciça nas missas no sábado,
no domingo, tem demonstrado que é um povo acolhedor, um povo amigo. Eu
sinto a dificuldade porque eu não conheço as pessoas pelo nome. Lá em
Reriutaba eu conhecia mais ou menos nove de cada dez nome das pessoas e
sabiam a onde moravam, de quem eram filhos, de quem eram os pais. Eu
acredito que eu já conheço umas duzentas pessoas aqui pelo nome, então a
gente se sente um pouco aquela dificuldade, mas, pouco a pouco eu tenho
me sentido muito bem, Reriutaba é mais beligerante.
É
tanto que Reriutaba tem 75 anos de paróquia, eu já fui o décimo Padre. O
Padre que mais tempo passou lá, foi eu que fiz 23 anos, os outros era
de 2, 3, 4 anos exatamente, porque é um povo assim beligerante, é um
povo bom, mas tem sempre um pequeno grupo que calunia, mente, espalha e
muita gente se inquieta com isso e vários Padres, seis dos dez, que
tiveram lá, todos saíram, por causa dessa situação, enquanto em Bela
Cruz, com 70 anos de paróquia eu sou ainda o quarto Padre. Quer dizer
que nos 70 anos foram apenas três Padres, o que significa dizer que é um
povo bem mais acolhedor em virtude da permanência do Sacerdote.
Edilson Sampaio - O
que a juventude, os idosos, os casais, as uniões irregulares de casais,
os dependentes químicos, esperam do padre EMÍDIO MOURA GOMES,
principalmente na parte espiritual?
Padre Emídio – Senhor
Edilson eu escrevi uma carta por ocasião da minha posse, distribui para
os belacruzenses. Eu não sabia por exemplo que aqui em Bela Cruz já
havia coincidência relativamente grande de dependentes químicos, por
isso na minha carta eu não fiz menção a eles. O jovem ele vive no mundo
em que se ignora o passado que não se acredita no futuro, então vive só
um momento enquanto a gente ignora o passado, a gente não percebe as
causas que geraram o presente e não percebendo as causas que geraram o
presente, tudo passa a ser natural, se fosse uma coisa que é daquele
jeito e não pode mudar, olha, quando eu ignoro o passado e eu não tenho
passado e nem conhecimentos de causa, eu não acredito no futuro e por
não acreditar no futuro eu destruo o meu sonho, minha opção, os meus
grandes ideais, eu fico apenas com o presente. O que é que eu posso
fazer. Eu posso sentir prazer e alegria, mas eu acho que está tão pouco o
meu prazer e minha alegria, então eu quero aumentar, aí vem o som
exagerado, vem a bebida e vem a droga que destrói a vida das pessoas,
então o que eu quero dizer aos jovens: nós precisamos compreender que a
vida que vivemos hoje, ela foi construída e que nós podemos modificá-la,
por isso é importante conhecer o passado, se aqui hoje temos esta Rádio
Comunitária, foi porque alguém pensou, alguém se dedicou, alguém
sofreu, alguém se sacrificou para que nós a tivéssemos, e perder esta
consciência é não dar o devido valor que ela tem e quando nós vemos que
em determinadas causas geram determinados efeitos, então nós abrimos
nossos olhos para o futuro, para um horizonte aberto para um mundo cheio
de possibilidade que vale apena o sacrifício do presente para
determinada renúncias e para encontrar uma realidade mais abrangente no
futuro. Aos casais, em breve eu os chamarei para uma reunião, um
encontro na Igreja Matriz só para eles. Aos casados de segunda união, em
breve também estarei convidando. Primeiro nós queremos saber se eles
não querem tentar a nulidade do seu primeiro casamento, para que eles
possam ficar livres para construir novas núpcias e orientá-los também
dentro da vida que é possível que na vida nós temos que servir a Deus
naquilo que as vidas também nos proporcionou e todo seu amor de Deus
derrube todos os obstáculos. Por isso a Igreja tem que ter para todos
uma palavra de alegria, de acolhimento e de esperança. Com relação aos
Idosos, sábado nós estaremos já a partir das 07 horas da manhã eu e o
Padre Renato, Padre Assis Rocha, Padre João Batista de Itarema e o Padre
Flávio de Juritianha-Acaraú, na Igreja Matriz para atender os Idosos em
confissão, depois uma Missa Especial para eles e também para as pessoas
enfermas, onde daremos a bênção dos enfermos, nós temos um carinho
muito especial por eles e queremos abrir os olhos das famílias para que
sejam sensíveis a esta realidade.
Edilson Sampaio - Padre
EMÍDIO MOURA GOMES, é do conhecimento de todos que existe uma
arrecadação voluntária entre os fiéis, denominada de DÍZIMO, gostaríamos
que Vossa Reverendíssima esclarecesse ao público ouvinte, qual a
finalidade do DÍZIMO?
Padre Emídio –
O Dízimo surgiu na Sagrada Escritura depois da organização do povo de
Israel divida em doze tribos, então, para que o povo não se esquecesse a
sua origem, o seu destino e a presença de Deus, o povo se organizou
assim, pegou as terras, eram doze tribos, e dividiu as terras por onze, e
a tribo de Levi ficaria sem terras, sem riquezas, ficaria dedicada
somente a catequese, a formação religiosa, para que o povo não
esquecesse sua origem e seu destino e as outras onze tribos dariam dez
(10%) por cento de suas vendas na agricultura, na pecuária, no comércio,
para sustentar a tribo de Levi, que ficaria encarregada da formação
religiosa do povo. Então surgiu o Dízimo. O Dízimo surgiu porque? O ser
humano não é só corpo e mente, ele é espírito. Se ele tem fome de
alimentos, de comida, materiais, ele tem fome de afetos e de nada vale
uma barriga cheia e um coração vazio, torna a vida tediosa, cansativa,
desanimada, mas também, os afetos, eles não arrancam o homem da sua
profunda solidão. Só Deus nos arranca da nossa solidão profunda. O nosso
coração é como certo lugar na nossas costas, a gente vai de todo jeito e
não consegue coçar, vai por cima do ombro e não alcança, pelos lados e
não alcança. Os afetos vão a um determinado momento, até um determinado
lugar dentro de nós. Mas Deus vai lá na profundidade do nosso ser e
arranca-nos da solidão do descaso da vida abrindo-nos para a alegria.
Por tanto o Dízimo é tão necessário quanto Deus é necessário a vida
religiosa é necessária a nossa vida. Na nossa Igreja nós temos
atualmente em torno de R$ 12.000,00 (doze mil reis) que arrecadamos no
Dízimo por mês. Senhor Edilson, dinheiro, sanidade e voto é sempre
metade da metade, então são doze mil reais que recebemos, mas poderia
ser muito mais, porque existem várias maneiras das pessoas entregarem o
Dízimo, primeiro é ser fiel dentro da infelicidade, como é que a gente é
fiel dentro da infelicidade? Por exemplo: o marido não arranja outra,
mas, não dorme com a sua esposa, ele não é fiel, mas também não é
infiel, ele é fiel dentro da infidelidade, trata mal, se intriga, não dá
carinho, não dá amor, então ele é fiel porque não arranja outra, mas é
infiel porque não fez a sua parte completa. Então, aquele Dizimista fiel
dentro da infidelidade, ele começou a dar a dez anos, doando cinco
reais, quando o salário mínimo era trezentos reais, era duzentos e
cinqüenta reais. O salário subiu para quatrocentos reais, 450,00,
500,00, 550,00 e 620,00 e ele continua dando os mesmos 5,00 cinco reais.
Ele é fiel dentro da infidelidade, isso nós precisamos acordar para
esta realidade. Depois outra coisa, existe também o Dizimista que não
compreende que o Dízimo é fonte de prosperidade. O primeiro Dízimo foi
no paraíso, Deus deu tudo ao homem, mas deixou uma árvore no meio do
jardim e esta árvore era a parte de Deus no jardim e o homem não podia
tocar na parte de Deus, ele teria a saúde, a prosperidade a alegria, o
desenvolvimento com tudo mas sem tocar na parte de Deus, que era a
árvore no meio do jardim, mas o que o homem fez: invadiu o que é de Deus
e a partir daí, é que veio o sofrimento, o afeto se transformou em
desconfiança, o olhar duro se transformou em medo e é por isso que o
homem vive até hoje. O dízimo é como uma espécie de equilíbrio, enquanto
o homem não der de Deus o que é de Deus, ele estará no mundo da
desconfiança, da tristeza, da falta de coragem, da falta de luz. Então
Dízimo é um instrumento de bênção, é recuperar no ser humano o que há de
mais nobre no ser humano, a sua vida espiritual que o sustenta, que o
orienta, que o coloca junto de Deus.
Edilson Sampaio - Padre
EMÍDIO MOURA GOMES, como o senhor analisa a Política e a Religião? O
senhor acha que a Igreja Católica tem que silenciar e não orientar os
seus seguidores?
Padre Emídio - Na
época da eleição é sempre uma situação muito complicada porque muitas
coisa influenciam as pessoas na hora de decidir, eu acho que o campo
próprio da Igreja pé a formação para a cidadania não na proximidade da
eleição, porque não adianta dar comida a quem está com fastio, pelo
contrário forçar uma pessoas fastiosa a comer é irritar a pessoas, então
no tempo da eleição as pessoas estão apaixonadas e as paixões elas não
tratam de sentimentos bons para o coração. Geralmente quem ganha uma
eleição ganha mais com o ódio do adversário do que com a simpatia de se
próprio, então o candidato ele não ganha, as pessoas não votam nele só
porque simpatizam com ele, votam porque estão com ódio do outro, com
raiva do outro com ressentimento do outro. Então, estar neste mundo é
como estar numa cerca de ramada, todo lado que a gente vai, tem um
garrancho para espinhar a gente, não dá de jeito nenhum, então é melhor a
Igreja procurar orientar o povo ao longo do tempo e deixar o tempo da
política confiar naquilo que foi plantado, possa nascer, florescer e
modificar.
Edison Sampaio -Padre
Emídio Moura Gomes, gostaria que o senhor falasse a respeito de que uma
grande maioria de católicos, assistem a missa de domingo pela
televisão, isto está certo ou estão cometendo algum pecado gravíssimo?
Padre Emídio –
Pecado eu não diria que estariam cometendo, agora a Missa é um banquete
e eu acredito que ninguém ficaria satisfeito, assistindo um banquete
pela televisão. Porque? Porque o banquete é um lugar que a gente come se
abraça, se alimenta, só dá certo se a gente estiver lá. Então a Missa
na televisão é para aquele que não pode ir a Igreja. Nos males o menor,
se não é de ter nada, tem o que pode ter, mas quem pode ir a Igreja, o
lugar certo é na sua comunidade, depois dali, você não é um produto que
eu consumo, não é uma aula que eu assisto. Missa é um encontro, primeiro
com a minha comunidade , com meus irmãos, filhos do mesmo Pai que está
no Céu, depois o encontro com o próprio Deus, depois eu participo, onde
eu canto, respondo determinados trechos, eu rezo, eu adoro, eu colaboro
com a minha oferta, e eu também recebo o alimento que é a comunhão,
então a Missa completa com todas as realidades. Pela televisão ela não é
completa, também não acredito que ninguém gostaria de ouvir a namorada
só pela internet, será que gostaria? Você tá lá na cama e eu estou aqui,
eu me encontrar, então quem ama a Deus, quer se encontrar com Ele, quem
ama um irmão quer se encontrar com ele, faz parte do amor querer estar
perto de quem se ama, de modo que quem está vivendo na televisão e não
vai a Missa por medo, está realmente perdendo oportunidade e cometendo
uma falha relativamente grande e quem não pode, a gente não está
obrigado ao impossível. Por isso peço a você que amanhã veja um vizinho,
um amigo, que não costuma ir a Igreja, com os próprios pés e você que
tem um transporte, pense, ajude e leve-o para a missa. A pessoa pode
comungar, porque deixar de ir a Missa por motivo justo, não é pecado
mortal, na outra missa que ele vai, no momento no começo da missa no ato
penitencial ele se arrepende, ele pede perdão daquela falta e ele deve
comungar. Se ele não foi a missa simplesmente por desleixo, por não dar
valor a missa, até que agente se pergunta, ele vai pra que?
Edilson Sampaio –
Padre Emídio, o senhor disse no sermão que quem casa e quer levar uma
vida de solteiro, namorando , farreando, não deve se casar. Como assim?
Padre Emídio –
Foi. É porque pra decidir e escolher, significa tirar um pedaço e
enquanto eu sou solteiro eu olho todas as moças, todas elas poderiam ser
minhas esposas, só que elas poderiam, nenhuma é. Enquanto a moça
solteira, todos os homens, os rapazes, poderiam ser seus esposos,
poderiam, mas não são. Mas, está diante do todo quando eu escolho, ali
eu estou tirando um pedacinho do todo, uma só dentro de mil, dois mil,
três mil, sei lá, então a partir dali só aquela é minha, só eu sou
daquela, mas, o que é que acontece quando o homem casa, é preciso agir
como casado, é preciso ficar com quem eu escolhi e dar oportunidade de
quem eu escolhi ficar comigo e se eu quero ficar pro lado e pra outro,
então não case, fique rapaz velho e o que é que acontece, tem todo mundo
só não tem nenhum e o que é que tem casado, só tem um, mas tem um,
então se a gente não souber fazer esta distinção se a gente não souber
assumir a responsabilidade, a convivência matrimonial é uma coisa muito
complicada, aliás a convivência como todo, porque são muitos fatores que
vão influenciar na vida daquela pessoa. Todo mundo que ama, faz uma
imagem do amado ou da amada. É tanto que quando queremos bem a uma
pessoa a gente não se contenta com uma fotografia 3x4, vem 15x15, a
gente amplia e bota numa moldura bem grande. Se agente quer bem demais, é
uma moldura bem chique, bem cara, mais cara do que a foto, só que a
pessoa continua sendo 3x4, quem ampliou foi a máquina e foi ampliada
porque eu amei e mandei fazer grande,mas foi eu que fiz a pessoa grande,
mas ela continua pequena, quando eu começo a conviver eu percebo que a
pessoa não é um metro por um metro é 3x4, aí eu fico com raiva, aí eu
tenho de fazer uma grande decisão ou eu quebro a foto e fico com a
pessoa, ou eu jogo a pessoa fora e fico com a foto, bem que muita gente
faz, não a foto que está na parede, mas a foto que está na mente. Por
isso nosso Senhor diz: não faça imagem do que está embaixo e nem do que
está em cima, deixe o outro ser o que ele é. Então quando fazemos uma
imagem da pessoa o que ela não é, cuidado não é porque ela não pode ser é
porque ela não quer não, é porque não pode e eu quero que ela seja, mas
ela diz eu não sou, mas se você não me decepcionou, mas foi você que
criou a decepção, então é preciso sempre da convivência e nós estamos
sempre quebrando essa imagem e ficar com as pessoas.
Fonte: radiogenovevafm.blogspot.com
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