Combate à seca Carros-pipas abastecem 80 Municípios do Interior do CE

Combate à seca
Quando o caminhão chega, alivia a falta de água por, pelo menos, 15 dias fotos: Antônio Carlos Alves
O abastecimento hídrico de emergência por carros-pipas está sendo feito em 80 Municípios do Interior. Quase 500 mil pessoas são atendidas no Estado. A frota de veículos soma 464 caminhões-pipas. Segundo coordenadores municipais da Defesa Civil, a operação emergencial, coordenada pelo Exército Brasileiro, estava paralisada havia praticamente um mês. Agora, além dos veículos cadastrados no programa, mais caminhões estão sendo cadastrados pela equipe da 10ª Região Militar. A expectativa da população rural é de ampliação da assistência. Segundo representantes de Conselhos Municipais, o Ministério da Integração liberou R$ 128 milhões. O valor equivale a 80% do montante necessário para reativação do programa.
De acordo com o Comando da 10ª Região Militar, subordinado ao Comando Militar do Nordeste, os recursos financeiros destinados à Operação Carro-Pipa no Ceará, recebidos a partir de 7 de maio passado, para 30 dias, correspondem a R$ 2,43 milhões. A Operação Carro Pipa é contínua e está sendo executada pelo Exército Brasileiro desde 1998. Eventualmente, o fornecimento da água é suspenso temporariamente por solicitação do próprio município, falta do laudo de potabilidade do manancial ou descontinuidade no fluxo de recursos do Governo Federal. As 10 cidades cearenses com o maior número de veículos em circulação são Quixadá, com 37 carros; Morada Nova, com 30 carros; Tauá, 23 carros; Mombaça, 22 carros; Boa Viagem, 18; Parambu com a mesma quantidade; Acopiara, Independência e Crateús, com 15 veículos; e Pedra Branca e Jardim, com 12 carros em cada uma delas. Em Icó, o abastecimento está suspenso, aguardando exame de potabilidade das fontes hídricas.
Apesar de contar com o maior número de carros- pipas, o fornecimento de água potável para consumo humano nas comunidades afetadas pela seca em Quixadá somente não entrou em colapso porque a Prefeitura garantiu o abastecimento com recursos próprios. O serviço custou R$ 82,5 mil aos cofres do Município. Agora, a preocupação é com a ampliação do atendimento.
Os dias vão passando e com eles o problema vai se agravando na zona rural. Atualmente mais de 20 mil habitantes rurais dependem dos carros-pipas. Em uma semana, pelo menos, outros mil necessitarão do socorro federal, segundo alerta o secretário de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Rural de Quixadá, Nilson dos Santos. A água retirada para o abastecimento das comunidades de Quixadá vem de dois grandes reservatórios. Um deles está localizado no Assentamento Boa Vista, no distrito de São João dos Queiroz. O outro está situado na comunidade de Marias Pretas, no Distrito de Juá.
A situação só não é mais grave porque o Departamento de Administração de Bens e Serviços Públicos (Demasp) mantém abastecimento regular de água na sede dos distritos de Califórnia, Juá I e II, São Bernardo, São João dos Queiroz, Dom Mauricio e Custódio. Mais de cinco mil famílias moram nessas localidades.
A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) se encarrega do abastecimento do maior Distrito de Juatama, onde residem mais de mil famílias.

CisternasMas quem não pode contar com a água na torneira, depende da água das cisternas. Sem chuva, a salvação é o carro-pipa mesmo. José Lucena de Sousa, 63 anos, morador da comunidade de Boa Água, no distrito de Cipó dos Anjos, há mais de 40Km do Centro de Quixadá é um deles. Divide o sofrimento com outras 59 famílias do assentamento.
O carro começa a abastecer mas quando para é de repente. Pega todo mundo de surpresa. Nessas horas, um poço profundo era a salvação. Todavia, a bomba quebrou e a coisa piorou de vez. "Agora, esperamos não haver mais paralisação do abastecimento até o início das chuvas do próximo inverno, se tiver", lamenta ele, com pessimismo. Não bastassem essas dificuldades, alguns moradores, como o aposentado Paulo Fernandes, 72 anos, reclama da falta de fiscalização. Segundo ele, muitas pessoas estão usando a água distribuída para saciar a sede das pessoas na lavagem de pratos e de roupas. Embora as cisternas de placa tenham capacidade para 12 mil litros, a carga dos carros-pipas é de 7 mil. Só abastecem a cada 15 dias. Com o uso incorreto, a água acaba antes da chegada do próximo carro. Alguns dão até para os animais. "Mas se é de alguém morrer de sede, que morram os bichos", reclama.
A prática de mau uso da água das cisternas também é denunciada noutros Municípios do Interior. Em Quixeramobim também ainda existem casos, mas em relação ao ano passado reduziram muito, explicou o coordenador do Comdec local, Marcos Machado. Segundo ele, a solução foi realmente fiscalizar. Será intensificada este ano. Apesar do Município não se encontrar ainda em situação tão crítica, em breve o número de carros-pipas circulando pelas comunidades deverá dobrar. Atualmente são 10 caminhões, segundo ele.
Mais informações:Prefeitura Municipal de Quixadá
(88) 3412.3864
Coordenação da Operação Pipa no Ceará - 10ª Região Militar
(85) 3255.1673
ALEX PIMENTELCOLABORADOR
Famílias dependem da emergênciaNo Município de Canindé, cerca de 27 mil famílias dependem da presença do carro-pipa pelo menos uma vez por semana. De acordo com a coordenadora Municipal da Defesa Civil de Canindé, Célia Lobo, 18 carros estão percorrendo a zona rural para atender a demanda, que aumenta a cada dia. "Estamos procurando deixar as famílias aliviadas e conseguimos quatro açudes que estão abastecendo os moradores. Targinos, Escuridão, Cabral e Sousa, que irão garantir água para as comunidades durante o programa do Ministério da Integração Nacional, coordenado pelo Exército Brasileiro´´, explicou ela.
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A demanda pelo abastecimento de emergência aumenta a cada dia. Famílias aguardam nas filas à espera do carro-pipa na zona rural de Canindé,  onde quatro açudes apresentam potabilidade para o serviço
Este ano, Canindé está mais preparado para este tipo de problema. Para isso, foram firmadas as parcerias com a Secretaria de Agricultura e Recursos Hídricos, Vigilância Sanitária e Serviço Autônomo de Água e Esgoto - SAAE, a fim de garantir uma água de qualidade transportada nas pipas.
Uma indicação do presidente da Câmara Municipal de Canindé, Heitor de Paula Menezes, fez com que o SAAE faça, gratuitamente, os exames de laboratório para a liberação da água que irá chegar às cisternas dos agricultores pelos pipeiros.
"Estamos fazendo o exame bacteriológico ainda no açude, para que possamos facilitar a vida dos entregadores de água e ganharmos tempo´´, frisa Francisco Cordeiro, chefe de laboratório do SAAE.
Somente ontem, foram feitas oito análises nos quatro açudes que abastecem a zona rural de Canindé. O coordenador da Vigilância Sanitária de Canindé, Francisco Robson Holanda, acompanha todo o processo e os 7 mil litros de água só é liberado depois desses procedimentos. "Isso é uma questão de saúde pública. Não podemos colocar em risco a vida das famílias que já enfrentam vários tipos de problemas para conseguirem água´´, explica.
Ele alerta para que as pessoas não consumam água de pipas não cadastradas pelo Exército, porque isso coloca em risco a vida de quem consome o líquido. "Nossa orientação nesse sentido é para evitar a água que não passa por nenhuma fiscalização e nem tão pouco por um rígido controle´´, frisou Robson.
Todos os meses serão feitos exames nas pipas e nas cisternas do Município que recebem água. Segundo Célia Lobo, essa sistemática tem como objetivo fiscalizar e garantir um controle mais atuante.
O Prefeito de Canindé, Cláudio Pessoa, que acompanha todo o processo disse que a ordem é cumprir todas as exigências da Defesa Civil e do Exército Brasileiro. "Nesse momento de dificuldades que passa o homem do campo, minha orientação é que facilitem todas as exigências dos responsáveis pelo programa´´.
Cláudio Pessoa disse ainda que se for necessário o aumento no número de carros-pipa, o Município vai estar pronto para participar junto ao Ministério da Integração Nacional.
Cada família que fica nas filas à espera do recursos tem direito a 40 litros de água. Muitas esperam mesmo é por programas de convivência com a seca. As cisternas de placas, que foram construídas para eliminar o serviço do pipa, dependem do abastecimento de emergência, uma vez que as chuvas foram insuficientes para encher os reservatórios.
ANTÔNIO CARLOS ALVESCOLABORADOR
Fonte, DN

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