´Chefões´ do tráfico fora das ruas

 













Foto - Em uma das operações, os delegados apreenderam uma metralhadora com um traficante. Armas de grosso calibre são usadas pelos criminosos para manter o poder nos pontos de venda de drogas e matar usuários devedores. JOSÉ LEOMAR

  Seis meses de operações de campo, investigações sigilosas e ´campanas´, levaram a Polícia Civil a prender os principais ´cabeças´ do tráfico de drogas na Grande Fortaleza. Doze homens e mulheres que vinham alimentando o comércio de pedras de crack, cocaína e maconha paraguaia em diferentes bairros da Capital cearense, desde áreas nobres, como a Praia de Iracema e o Porto das Dunas (em Aquiraz), aos bairros periféricos mais carentes e desassistidos pelo poder público, como o Pirambu e o Siqueira.
O resultado das prisões se refletiu diretamente na estatística das apreensões de drogas realizadas pela Delegacia de Narcóticos (Denarc). Do começo do ano até hoje, nada menos que 475 quilos de maconha (entre brasileira e paraguaia) foram apreendidas pelos inspetores da Especializada, contra 180 quilos de igual período do ano passado.
Isso representou um aumento da ordem de 263 por cento. Já as apreensões de crack subiram 59 por cento, passando de 14,8 quilos para 23,6 quilos.
Os envolvidos (clique para ver ampliado)

 












 






Bairros
 A mesma progressão tiveram as apreensões de cocaína, de 26 quilos no primeiro semestre de 2011 para 43,9 quilos em 2012.
O chefe da Denarc, delegado Pedro Viana, explica que, no começo do ano, estabeleceu uma meta junto com sua equipe de inspetores. "Decidimos que iríamos priorizar nos meses seguintes as investigações para prender os ´cabeças´ do tráfico em cada bairro e isto foi possível também com a ajuda da população, através das denúncias".
Foi assim, por exemplo, que a Denarc capturou a mulher que comandava, há pelo menos, três anos, o tráfico de drogas na Praia de Iracema. Gabriela de Sousa Bonfim, a ´Gaby´, agora está no Presídio Feminino.
Outra importante prisão feita pela Denarc foi do traficante Rogério Sousa de Castro, o ´Rogerinho´, que atuava no Pirambu.
Usuários endividados são sumariamente assassinados

 











Foto - Os constantes homicídios de jovens ligados ao tráfico e consumo de drogas são motivo de preocupação das autoridades. Índices cresceram FOTO: FABIANE DE PAULA

 Aliado ao tráfico de drogas estão os constantes casos de execução sumária nas ruas de Fortaleza e sua região metropolitana. São mortes violentas determinadas pelos traficantes contra quem compra maconha, crack e cocaína e não paga. Este ano, os índices de homicídios cresceram de forma vertiginosa, alimentados pela ação dos mercadores de entorpecentes e seus ´soldados´.
Em várias comunidades da Capital, os constantes crimes de morte amedrontam a população. Entre eles, se destacam neste triste e temerário cenário, os bairros do Jangurussu, Bom Jardim, Vila Velha, Planalto Ayrton Senna (antigo Pantanal), Barra do Ceará, Vicente Pinzón, Palmeiras, Genibaú, Praia do Futuro, Pirambu, Rosalina, Goiabeiras e Pirambu.

Execuções
 Exemplo disso aconteceu na tarde de 14 de abril último, quando um tiroteio entre duas gangues rivais do tráfico terminou de forma trágica na Travessa Santo Antônio, nas Goiabeiras, na zona Oeste da Capital. Quando a troca de tiros acabou, havia três corpos na rua. Eram os jovens Valdir Felipe Freitas de Oliveira, Felipe Almeida dos Santos e Ronaldo Vieira da Silva. Também por conta de uma ´cobrança´ de dívida, foram mortos, em plena Avenida Almirante Barroso, na Praia de Iracema, os jovens Karina Sirlene de Sousa Lima e Eduardo Pinheiro da Silva.
Maconha agora vem do Paraguai
 













Foto - A droga chega a Fortaleza através da BR-116, com procedência de São Paulo. Neste ano, já foram apreendidos 475 quilos do entorpecentes. ALEX COSTA
 Através de rodovias, escondida em caminhões. É assim que a maconha produzida no Paraguai entra no Brasil. A BR-116 pé um das principais vias por onde a droga chega a Fortaleza. Por conta disso, a estrada tem vigilância redobrada das polícias Civil, Militar, Federal e rodoviárias Estadual (PRE) e Federal (PRF). No ano passado, em apenas duas operações na BR-116, mais de duas toneladas de maconha acabaram apreendidas em operações compartilhadas entre a Delegacia de Narcóticos (Denarc), Coordenadoria de Inteligência da Secretaria da Segurança Pública (Coin) e PM.
Conforme o delegado Pedro Viana, titular da Denarc, a maconha paraguaia é, atualmente, mais utilizada pelos usuários locais que a produzida no Brasil. A droga é mais concentrada que a produzida no Sertão de Pernambuco, região que, por muitos anos, foi a maior fonte de cultivo e produção da droga no Nordeste brasileiro.
Já o crack, tem sido produzido em pequenos laboratórios montados por traficantes locais, que recebem a pasta-base de cocaína de outros traficantes de fora do Estado. Um desses locais foi, recentemente, fechado pela Denarc na zona Oeste Fortaleza. Tratava-se de um ponto de produção de pedras de crack localizado na comunidade Conjunto Aratanha, na Barra do Ceará.

Chuck
 O laboratório era comandado pelo traficante identificado como Elton Soares Lira Filho, 18, conhecido pelo apelido de ´Chuck´. O acusado foi preso e a Polícia encontrou no local nada menos que 10,5 quilos de cocaína e pedras de crack, além de uma prensa hidráulica, material para embalar a droga e também as armas da quadrilha, entre elas, uma escopeta de calibre 12.
FERNANDO RIBEIRO
EDITOR DE POLÍCIA
            Fonte, DN

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