Cientistas divulgam lista das dez espécies mais exóticas descritas no ano passado

Macaco-espirrador (Rhinopithecus strykeri) foi considerado o ser vivo mais exótico descrito em 2011 Imagem: Fauna & Flora International
Um dos fenômenos do período pós-revolução digital é a proliferação de listas de “10 mais”. E hoje o Ceará Científico tem a satisfação de repercutir uma lista que vai agradar os amantes da biodiversidade do nosso planeta.
Trata-se da lista das 10 espécies mais exóticas descobertas em 2011. A escolha foi feita por especialistas da Universidade do Estado do Arizona (ASU, EUA) entre 200 novas espécies pré-selecionadas. Essa já é a quinta edição da lista que homenageia o naturalista Lineu, pai da classificação de espécies.
Na nova lista, o Brasil aparece duas vezes: uma com a tarântula-de-sazima (Pterinopelma sazimai), uma aranha azulada descoberta no nosso território nacional e descrita por cientistas do Instituto Butantan (SP), e outra com a água-viva de Bonaire (Tamoya ohboya), descoberta no Caribe, com a participação de cientistas brasileiros, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP).
Água-viva-de-bonaire (Tamoya ohboya) Imagem: Ned DeLoach
A água-viva de Bonaire, aliás foi a vice-campeã da lista de mais exóticas e foi descoberta a partir da comparação com outra espécie que vive em águas brasileiras, a Tamoya haplonema. “Fizemos o trabalho de comparação direta da morfologia, da morfometria e do DNA. Graças a essa comparação concluímos que a medusa da ilha de Bonaire deveria ser descrita como uma nova espécie para a ciência”, disse o zoólogo Antonio Marques.
Tarântula-de-sazima (Pterinopelma sazimai) Imagens: Instituto Butantan
Já a aranha azul Pterinopelma sazimai  ficou na décima posição. A espécie foi vista pela primeira vez em 1971 pelo zoólogo Ivan Sazima, professor aposentado do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). No entanto, como só é possível identificar espécies diferentes nesse grupo animal a partir da comparação da morfologia dos machos e Sazima encontrou na época uma fêmea, só no ano passado a espécie foi descrita pelos pesquisadores Rogério Bertani, Roberto Nagahama e Caroline Fukushima, do Instituto Butantan.
“Obtivemos sucesso em 2008, conseguindo uma fêmea adulta e algumas jovens aranhas. Depois tivemos a informação de que uma equipe da área de botânica havia coletado alguns animais vivos. Um deles não tinha a cor azul característica, mas concluímos que se tratava do macho da espécie. Com esse material mais completo, pudemos descrever a espécie e publicamos em 2011”, disse Bertani.
O problema é que a espécie mal foi descrita pela Ciência e já está ameaçada pelo tráfico animal. “É muito triste saber que uma aranha com tão poucos espécimes em coleções científicas está sendo comercializada no exterior. Provavelmente esse comércio ilegal é motivado apenas pela beleza e o aspecto inusitado da espécie. Acredito que não se trata de biopirataria propriamente dita, mas de um comércio de pets exóticos”, lamentou o pesquisador.
Confira lista completa:
1 - Macaco-espirrador
O macaco-espirrador (Rhinopithecus strykeri) recebeu esse nome porque espirra quando chove. Ele foi identificado nas montanhas de Myanmar, e foi o primeiro animal da família do macaco-de-nariz-empinado a ser registrado como nativo do país.
2 – Água-viva-de-bonaire
Essa espécie de água-viva foi descoberta em Bonaire, uma ilha holandesa no Caribe. Esse animal venenoso lembra uma pipa, com seus tentáculos coloridos. O nome científico Tamoya ohboya foi selecionado em um projeto de ciências.
Ghent University
3 – Verme-do-diabo
Com cerca de meio milímetro de comprimento, esses nematódeos foram descobertos em minas de ouro na África do Sul, a 1,3 km de profundidade. Nenhuma outra espécie multicelular já tinha sido descoberta tão abaixo da superfície.
Andre Schuiteman
4 – Orquídea-noturna
Essa espécie rara de plantas foi descoberta na Papua-Nova Guiné, na Oceania. A flor da Bulbophyllum nocturnum se abre por volta de 22h e se fecha cedo pela manhã. Das mais de 25 mil espécies de orquídeas catalogadas, essa é a única que floresce durante a noite.
C. van Achterberg
5 – Vespa parasita
A vespa Kollasmosoma sentum ataca formigas com uma velocidade impressionante. Ela fica à espreita, voando próxima ao chão, e em um vigésimo de segundo, ela deposita seus ovos dentro do corpo da vítima. A espécie foi descoberta na Espanha.
Eurek Alert
6 – Cogumelo-bob-esponja
O nome científico desse cogumelo descoberto na ilha de Bornéu, na Malásia, é Spongiforma squarepantsii (o nome de Bob Esponja Calça Quadrada em inglês é “SpongeBob SquarePants”). Apesar do nome é tão parente das esponjas, quanto de nós: muito distantemente.
Paul Egan
7 – Papoula-do-outono-nepalesa
A altitude pode explicar por que a Meconopsis autumnalis passou batida pela ciência durante tanto tempo. Seu habitat fica a entre 3,3 mil e 4,2 mil metros de altura em relação ao nível do mar, sujeito a um clima único na altitude do Himalaia.
G. Brovad
8 -Embuá-gigante
Esse milípede – parente dos insetos que tem vários pares de patas – é o maior já encontrado na natureza, com 16 centímetros. Seu nome científico Crurifarcimen vagans significa “salsicha com patas ambulante”. Foi descoberto nas montanhas da Tanzânia.
AFP
9 – Cacto-ambulante
Essa espécie extinta encontrada na China viveu há 520 milhões de anos e lembra um verme, mas apresenta dez pares de patas articuladas. Para os cientistas que o descobriram, a Diania cactiformis seria um primeiro elo perdido conhecido entre os vermes e os artrópodes.
10 – Tarântula-de-sazima
Essa espécie vive em uma “ilha ecológica” e só é encontrada no alto da Chapada Diamantina, na Bahia. Seu nome Pterinopelma sazimai é uma homenagem ao cientista Ivan Sazima, que coletou indivíduos dessa aranha nas décadas 1970 e 1980.
Fonte, DN

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