Mãe pergunta 'como estão as meninas', diz advogado de suspeita
Mary Vieira Knorr, presa suspeita de matar duas filhas adolescentes e o
cão da família na casa em que moravam, no Butantã, Zona Oeste de São
Paulo, não confessou o crime e pergunta pelas filhas no hospital onde
está internada, segundo afirmou nesta quarta-feira (18) seu advogado,
Lindenberg Pessoa de Assis.
Em entrevista ao G1, o defensor contou que a mulher está abalada e que não se lembra de nada do que aconteceu. Além de perguntar "como estão as meninas?", Mary também diz a todo momento que quer morrer, de acordo com o defensor. A defesa pretende pedir à Justiça a liberdade da mulher alegando que ela precisa da família e de um tratamento psiquiátrico. “Ela não deve ser tratada como uma criminosa”, afirmou Lindenberg de Assis.
Em entrevista ao G1, o defensor contou que a mulher está abalada e que não se lembra de nada do que aconteceu. Além de perguntar "como estão as meninas?", Mary também diz a todo momento que quer morrer, de acordo com o defensor. A defesa pretende pedir à Justiça a liberdade da mulher alegando que ela precisa da família e de um tratamento psiquiátrico. “Ela não deve ser tratada como uma criminosa”, afirmou Lindenberg de Assis.
Os corpos foram encontrados por policiais militares no sábado (14). A
suspeita é que as garotas tenham sido asfixiadas pela mãe. Mary teria
esganado as irmãs Giovanna, de 14 anos, e Paola Knorr Victorazzo, de
13, e o cachorro, segundo investigação da Polícia Civil. Outra hipótese é
a de que ela liberou gás de cozinha na residência para sufocar as
vítimas. Depois, a mulher teria tentado se suicidar permanecendo no
local.
Ainda não foi esclarecido o que motivou todas as mortes, mas a investigação trabalha com as hipóteses de que Mary pode ter tido um surto psicótico desencadeado por problemas pessoais com as filhas ou dificuldades financeiras.
Ainda não foi esclarecido o que motivou todas as mortes, mas a investigação trabalha com as hipóteses de que Mary pode ter tido um surto psicótico desencadeado por problemas pessoais com as filhas ou dificuldades financeiras.
Em depoimentos dados no 14º Distrito Policial, em Pinheiros, os PMs que
acharam as vítimas no imóvel relataram que Mary estava 'alterada'
naquele dia, quando também confessou a eles os assassinatos das filhas
dizendo que queria se matar. Ela acabou presa em flagrante, foi sedada e
levada ao Hospital Universitário da USP.
Para o advogado de Mary, no entanto, sua cliente não confirmou a ele
nesta manhã a confissão que teria dado aos agentes. Por esse motivo,
Assis alegou que antes de a investigação apontar a mulher como culpada é
preciso ouvi-la em depoimento. “Confissão de que matou não é prova.
Temos um crime, mas não temos um bandido”, disse o defensor."E quem
disse isso, de que ela confessou, foram os policiais militares, não foi
Mary. Ela ainda não falou formalmente com a Polícia Civil sobre o caso."
De acordo com o advogado, Mary ainda não tem condições psicológicas de prestar depoimento à polícia. “Ela ainda não voltou à consciência, não dá para saber o que aconteceu”, disse Assis. “Dependo de conversa com ela para saber. Não tenho nenhuma testemunha presencial. Ela está meio inconsciente, se tratando, sedada.”
De acordo com o advogado, Mary ainda não tem condições psicológicas de prestar depoimento à polícia. “Ela ainda não voltou à consciência, não dá para saber o que aconteceu”, disse Assis. “Dependo de conversa com ela para saber. Não tenho nenhuma testemunha presencial. Ela está meio inconsciente, se tratando, sedada.”
O defensor falou à equipe de reportagem que perguntou a Mary se ela
tinha matado as filhas. “Ela respondeu: 'Não sei de nada. Não consigo me
lembrar de nada'”, contou o advogado, que disse conhecer a suspeita
desde 1996.
Ao sair do Hospital Universitário da USP, onde sua cliente está
internada, Assis lamentou as mortes. “Fica a dúvida: será que foi Mary
mesmo que matou as meninas? No meu entendimento, é uma grande tragédia.
Agora, se ficar comprovado que foi ela que matou as meninas, é
importante saber o motivo", disse." A mim ela não confessou o crime. O
que eu tenho de informações é que ela sempre foi uma boa mãe e uma
pessoa que trabalhava muito.”
Interrogatório
Apesar de estar internada no Hospital Universitário desde sábado, Mary ainda não conseguiu conversar com o psiquiatra da unidade médica que ficou de avaliar suas condições psicológicas para saber se ela pode prestar depoimento à polícia, segundo Assis. "Ela não consegue falar coisa com coisa. Não está concatenando as idéias muito bem. Está abalada. Está surtada", disse o advogado sobre o especialista.
Apesar de estar internada no Hospital Universitário desde sábado, Mary ainda não conseguiu conversar com o psiquiatra da unidade médica que ficou de avaliar suas condições psicológicas para saber se ela pode prestar depoimento à polícia, segundo Assis. "Ela não consegue falar coisa com coisa. Não está concatenando as idéias muito bem. Está abalada. Está surtada", disse o advogado sobre o especialista.
Apesar de os resultados desses exames serem anexados futuramente ao
inquérito policial, serão necessários, no entanto, outros testes para a
investigação saber se Mary é inimputável (não responde pelos seus atos),
semi-imputável (tem consciência parcial do que faz) ou pode responder
criminalmente pelos assassinatos.
Se Mary for considerada inimputável, por exemplo, ela não poderia ficar presa numa cadeia comum, teria de ser submetida a tratamento psiquiátrico em um hospital, onde ficaria detida até ser curada.
Se Mary for considerada inimputável, por exemplo, ela não poderia ficar presa numa cadeia comum, teria de ser submetida a tratamento psiquiátrico em um hospital, onde ficaria detida até ser curada.
O delegado Olívio Gomes Lyra, adjunto do 14º DP, disse nesta quarta ao G1
que pode concluir a investigação sem colher o depoimento da suspeita,
caso Mary não tenha condições psicológicas de falar. "O inquérito está
baseado nos depoimentos de dois PMs e de uma médica para os quais Mary
confessou o crime", disse.
Giovanna Victorazzo tinha 14 anos
(Foto: Reprodução / arquivo pessoal)
(Foto: Reprodução / arquivo pessoal)
A polícia já ouviu o ex-marido da suspeita, outros dois filhos dela, um conhecido e os PMs que atenderam ao chamado de ocorrência de vazamento de gás de cozinha na residência onde ocorreu o crime.
O casal de irmãos contou à polícia que não notou “comportamento
diferenciado em sua mãe” ou se ela “fazia uso de medicamentos”. Apesar
de se falarem todos os dias por telefone, os dois que não conseguiram
mais contato com a suspeita na sexta-feira (13). No dia seguinte, ambos
resolveram ir à casa dela, onde ouviram Mary “gemendo e pronunciando
palavras que não conseguiam entender”. Depois de pularem o muro, foi
sentido um cheiro de “gás de cozinha”. Por esse motivo, o Corpo de
Bombeiros e a PM foram chamados.
O filho afirmou que “apenas ouviu [de sua mãe] os dizeres ‘as
meninas’”. Ele falou que foi então até os quartos, onde encontrou as
irmãs mortas. Giovanna estava numa cama, com o rosto coberto por um
travesseiro, e Paola, em outra cama. As duas tinham marcas de sangue no
rosto. De acordo com peritos da Polícia Técnico-Científica, as vítimas
podem ter sido mortas entre quinta-feira (12) e sexta-feira, devido ao
estado de decomposição dos cadáveres.
Os policiais militares que atenderam a ocorrência disseram no 14º DP
que Mary confessou o assassinato das filhas ao dizer, por duas vezes,
que “havia matado as filhas e queria morrer”. “As características são
de quem surtou, matou o cachorro e as filhas e depois caiu na real. Daí,
tentou se matar, abrindo o gás, mas não conseguiu, porque os filhos
chegaram a tempo", disse o delegado Gilmar Pasquini Contrera, titular do
distrito policial que investiga o caso.
Na terça-feira (17), um homem que não teve o nome divulgado contou à
polícia que foi na quinta passada até a residência de Mary para comprar
um móvel e uma geladeira por R$ 200. Ele relatou que não viu as meninas.
Na última sexta, o homem ligou para a casa da suspeita para cobrar as
compras, mas não foi atendido. Ele acrescentou que só ficou sabendo das
mortes no domingo.
Informações passadas por vizinhos aos investigadores do caso dão conta
de que Mary ainda teria sido vista passeando com o cachorro da família
na sexta passada, quando, em tese, as filhas já teriam sido mortas por
ela. Peritos do Instituto Médico Legal (IML) e do Instituto de
Criminalística (IC) estão elaborando laudos que poderão responder o dia
e, possivelmente, o horário das mortes. A perícia trabalha com a
hipótese de asfixia. Mary poderia ter esganado as vítimas ou liberado
gás de cozinha que as intoxicou. Todos os corpos foram submetidos a
exames toxicológicos que detectarão se os mortos foram dopados antes.
Paola Victorazzo tinha 13 anos
(Foto: Reprodução / arquivo pessoal)
(Foto: Reprodução / arquivo pessoal)
De acordo com a investigação, apesar de Mary ter se identificado como corretora de imóveis, ela não possui registro no Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci). Além disso, a mulher é investigada pela Polícia Civil por suspeita de estelionato e apropriação indébita porque estaria se passando por corretora e usando o nome de uma imobiliária de “fachada” para enganar pessoas que queriam comprar imóveis.
“São três boletins de ocorrência de estelionato e um de apropriação,
nos quais ela teria lesado as vítimas em R$ 214 mil. Valor este que ela
cobrou dessa gente que pagou por casas que nunca receberam”, disse
Contrera. “Tivemos informações de que ela estava fugindo da polícia para
não ter de prestar esclarecimentos sobre essas suspeitas. Teria mudado
de casa e tirado as filhas da escola”.
EM defesa da mãe, um dos filhos disse à polícia, que “como [Mary] é
corretora de imóveis, seu salário não era fixo, razão pela qual tinha
algumas contas atrasadas”.
Por meio de nota, divulgada nesta terça em seu site, o Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo
- 2ª Região informou que não encontrou em seu “banco de dados nenhum
registro em nome dessa pessoa [Mary]. Esclarecemos à sociedade que a
sra. Mary Vieira Knorr não é, portanto, corretora de imóveis inscrita no
Creci-SP, não tendo nenhuma ligação com este Conselho ou com a
categoria de profissionais aqui inscritos”.
Segundo o delegado, a mãe respondeu também por maus-tratos. O policial,
porém, não soube informar se a acusação era de que teria maltratado as
filhas.
Quadro com tarefas destinadas a cada uma das
adolescentes achadas mortas no Butantã
(Foto: Marcelo Mora/G1)
adolescentes achadas mortas no Butantã
(Foto: Marcelo Mora/G1)
Depoimentos e bilhetes apontam que Mary era rigorosa com as filhas, segundo a Polícia Civil. Papéis encontrados na porta da geladeira mostravam a programação das tarefas de cada uma das garotas, com a respectiva punição em caso de o dever não ser cumprido por uma delas. Dentre os castigos estão a proibição de entrar na internet por um determinado período e a não permissão para sair de casa para passear.
Giovanna publicou em seu perfil no Twitter que teve um "papo tenso" com
a mãe, no dia 8 deste mês. "Tive um papo tenso com minha mae, senhor"
(sic), escreveu Giovanna.
Em 11 de setembro, véspera do dia em que supostamente foi morta com a
irmã, Giovanna publicou no Twitter que não iria à escola. “Ta, amanha
nao irei para a escola, minha mae aida nao sabe disso” (sic). “Gente,
ninguem me entende quando eu falo q queria morrer e ver a reação das
pessoas aqui na terra, sempre quis ver varias coisas.” (sic), escreveu a
adolescente em um outro post no microblog, do dia 8 de setembro.
Giovanna usava muito a internet. Além do Twitter e da rede Ask, ela
mantinha uma página no Facebook. “Sim, sou um anjo como asas agora”,
postou a garota em 10 de setembro. A foto de uma menina de costas com
asas de anjo foi postada um dia antes.
Fonte, G1
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