Militar não lembra o que ocorreu, diz advogado


O subtenente do Exército Brasileiro (EB) Francilewdo Bezerra Severino, 45, foi informado ontem de que seu filho, Lewdo Ricardo Coelho Severino, nove anos, foi morto envenenado por chumbinho, agrotóxico proibido usado para matar ratos. O homem, que está preso acusado de cometer o crime e internado desde o último dia 12 no Hospital Geral do Exército, por também ter ingerido a mesma substância, segundo seu advogado, não recorda de nada do que ocorreu naquela madrugada.

A reportagem conversou como advogado Walmir Medeiros, que representa o militar. De acordo com Medeiros, o subtenente não lembra do que aconteceu na residência da família, no Conjunto Napoleão Viana, bairro Dias Macêdo, na fatídica noite de 12 de novembro.

"A família, em decisão conjunta com os médicos, decidiu contar ao Francilewdo o que aconteceu naquela noite. Foi dada a notícia na frente de diversos profissionais do hospital", explicou.

Nem o advogado e nem o delegado que investiga o caso, o titular do 16º DP (Dias Macêdo) Wilder Brito Sobreira, estiveram presentes na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do hospital durante a revelação ao militar.

"Foi dito ao subtenente que o filho morreu envenenado e que ele estava internado por ter também ingerido a mesma substância. Francilewdo também foi informado de que ele está sendo tratado como principal suspeito e que a esposa, Cristiane Renata Coelho Severino, o está acusando de tudo" afirmou Medeiros.

Choro e febre

Segundo o advogado, Francilewdo reagiu às informações com 'desespero e descrença'. De acordo com Medeiros, o militar possui poucas lembranças.

"Francilewdo já perguntava pela mulher e pelos filhos, querendo saber como eles estavam, já que não o tinham ido visitar. Quando foi dito o que aconteceu ao filho, o subtenente chorou bastante, entrou em desespero. Ele disse que não entendia o que estava acontecendo".

O subtenente teve alteração em seu estado de saúde. O militar, que apresentava um quadro estável de melhora clínica, com a revelação dos fatos ocorridos, registrou febre e piorou seu quadro de saúde, de acordo com o advogado de defesa.

"Estava programado para ele deixar a UTI amanhã (hoje), porém ele voltou a apresentar febre e a situação piorou. Antes, Francilewdo acreditava que estava internado por ter tido algum mal-estar. Por isso, a médica que está acompanhando o militar pediu para que não fossem dados detalhes dos fatos a ele", disse.

Medeiros afirmou que, segundo os familiares que acompanham o militar, Francilewdo lembra de alguns momentos antes do envenenamento.

"Ele faz um esforço grande para lembrar do que aconteceu. O que ele afirmou lembrar foi de ter ido a um supermercado fazer compras que a esposa pediu, porém não lembrava nem o que tinha comprado. Depois, ele disse que tinha a impressão de que foi pedida comida de algum estabelecimento próximo, porém não lembra de tê-la ingerido".

Defesa

Para o advogado, faltam argumentos para manter o militar preso. A defesa, agora, irá pedir o relaxamento da prisão em flagrante do subtenente.

O advogado aguarda autorização médica para agendar o depoimento. "Para a defesa, é importante que ele deponha logo", afirmou Medeiros.

A reportagem tentou contato por telefone com a advogada que representa a vítima, Cristiane Renata, que está em Recife. Porém, a representante afirmou que não iria se pronunciar para "resguardar o sigilo do caso".

Já o delegado que preside o inquérito disse que está "procurando dar o tempo ao militar para que se recupere".

Recuperação
12 de novembro
Subtenente do Exército Francilewdo Bezerra Severino é internado em estado grave na UTI e preso em flagrante, acusado da morte do filho, o menino Lewdo Ricardo, de 9 anos

18 de novembro
A Polícia informou que, preliminarmente, os laudos laboratoriais dos exames realizados no militar e no garoto Lewdo Ricardo apontavam em ambos envenenamento por chumbinho

21 de novembro
Francilewdo, após sair do coma, acorda e apresenta melhoras significativas em seu estado de saúde. Segundo familiares, o militar pergunta pela esposa e filhos e não lembra de nada do que aconteceu.

Levi de Freitas
Repórter
Fonte, DN

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