Denúncia na petrobras atinge Foster, Gabrielli e Wagner


As denúncias feitas pela ex-gerente da Petrobras Venina Velosa da Fonseca, de que houve vários desvios na estatal e que a direção da companhia foi informada sobre as irregularidades, atingem o governador da Bahia, Jaques Wagner, cotado para ser ministro no segundo mandato de Dilma Rousseff, e o ex-presidente da petrolífera José Sérgio Gabrielli. O caso foi publicado ontem pelo jornal "Valor Econômico".

Em 2009, Venina denunciou que o então gerente de Comunicação da área de Abastecimento, Geovane de Morais, havia autorizado irregularmente gastos milionários sem qualquer comprovação da efetiva prestação de serviços, com fortes indícios de desvio de recursos. Baiano de Paramirim, Morais é ligado ao grupo político petista oriundo do movimento sindical de químicos e petroleiros do Estado, do qual fazem parte Wagner e Rosemberg Pinto, então assessor especial do presidente de Gabrielli, que também é da Bahia.

A ex-gerente também alertou a atual presidente da estatal, Graça Foster, e o atual diretor de Abastecimento, José Carlos Cosenza -que substituiu o delator Paulo Roberto Costa- sobre pagamentos de serviços de comunicação que não foram prestados, cujos valores chegariam a R$ 58 milhões, e sobre a escalada de aditivos que elevaram os custos da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, de US$ 4 bilhões para US$ 18 bilhões, segundo mensagens internas da Petrobras a que o "Valor" teve acesso. Ela prestará depoimento ao Ministério Público Federal (MPF), no âmbito na Operação Lava-Jato, na próxima semana.

A Petrobras divulgou nota ontem em que afirma que todas as informações enviadas pela funcionária foram apuradas. A empresa não confirma se Foster e Cosenza receberam os e-mails publicados pelo jornal. Os alertas são referentes a desvios em três áreas da empresa.

Image-2-Artigo-1760287-1 Após as denúncias divulgadas pela "Folha de S.Paulo", em 2009, uma auditoria interna realizada na Petrobras constatou as suspeitas de fraudes e desvio de recursos nos pagamentos autorizados por Morais, que totalizaram R$ 150 milhões em um ano. Duas produtoras de vídeo que trabalharam nas campanhas do ex-governador Jaques Wagner e de duas prefeitas do PT receberam R$ 4 milhões da Petrobras em 2008, sem licitação, em projetos autorizados por Morais.

Como gerente de Comunicação da área de Abastecimento, Morais era subordinado ao ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, delator e pivô do atual escândalo de corrupção na Petrobras.
Após a constatação das irregularidades realizadas por Morais, ele teve sua demissão por justa causa determinada pela direção da estatal. Logo em seguida, Morais tirou licença médica. A Petrobras levou mais de cinco anos para demiti-lo de fato.

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Sob a administração de Morais, estava um orçamento em 2008 de R$ 31 milhões. Sua demissão foi decidida em 3 de abril de 2009, após a sindicância interna ter constatado uma série de irregularidades em sua gestão, incluindo "indícios de pagamentos sem a devida entrega de serviços contratados". Ou seja, desvio de dinheiro. Desde então, a direção da Petrobras, incluindo a atual presidente, Graça Foster, e seu antecessor no cargo, Gabrielli, sabiam dessas suspeitas de desvio na diretoria comandada por Paulo Roberto Costa.

Em 2008, com base no relatório da equipe de Venina, o departamento jurídico da Petrobras concluiu que era o caso de demitir Morais por justa causa. Ontem, o ex-gerente de Comunicação afirmou ter sido usado como "boi de piranha" pela direção da estatal. "Executaram a pessoa errada", disse.

Críticas

Diante das novas informações, líderes da oposição cobraram ontem a demissão de Graça Foster e de todos os demais integrantes da Petrobras.

Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), a demissão de Foster e dos demais diretores é uma medida que já deveria ter sido tomada pelo Planalto desde que veio à tona o esquema de corrupção. Segundo o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), não há mais clima para a permanência da presidente da estatal. O líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), disse que ela não tem credibilidade para tocar a empresa. "Desmancha a tese de que ela desconhecia a corrupção", afirmou.

Venina foi culpada por sobrepreço em refinaria

Brasília. Relatório da comissão interna da Petrobras para investigar irregularidades na construção da Refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, acusa a ex-gerente executiva da diretoria de Abastecimento da Petrobras, Venina Velosa, de ser uma das responsáveis por falhas que elevaram o valor das obras em R$ 3,9 bilhões.

Concluído em novembro, o documento responsabiliza mais dez funcionários da estatal pelas irregularidades, entre eles os ex-diretores Renato Duque (Serviços) e Paulo Roberto Costa (Abastecimento), além do ex-gerente Pedro Barusco. Os três são acusados de integrar o esquema de corrupção investigado na Operação Lava-Jato.

Venina foi subordinada de Paulo Roberto Costa na Diretoria de Abastecimento entre 2005 e 2009, que está preso sob suspeita de integrar o esquema de corrupção na Petrobras.

A estatal associa a disposição da funcionária de falar ao fato de ela ser responsabilizada pela sindicância da empresa. "A empregada foi ouvida nesta comissão, momento em que teve a oportunidade mas não revelou os fatos que está trazendo agora ao conhecimento da imprensa. A empregada guardou estranhamente por cerca de 5 anos o material e hoje possivelmente o traz a público pelo fato de ter sido responsabilizada pela comissão", afirmou a nota.

Fonte, DN

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