Esquema da petrobras se repete em outras áreas, diz delator

"O que acontecia na Petrobras acontece no Brasil inteiro: nas rodovias, nas ferrovias, nos portos, nos aeroportos, nas hidrelétricas! É só pesquisar!"
Costa deu a declaração numa sessão pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) aberta por deputados e senadores para investigar a corrupção na estatal. Perante os congressistas, ele afirmou ainda ter citado "algumas dezenas" de políticos nos depoimentos que prestou à Justiça Federal, ao Ministério Público e à Polícia Federal no âmbito de seu acordo de cooperação. Ele não quis revelar os nomes.
Nas últimas semanas, os depoimentos de Costa e de outros envolvidos com irregularidades que já admitiram culpa e aceitaram colaborar com as autoridades - como o doleiro Alberto Youssef - ganharam repercussão porque permitiram a prisão de executivos de algumas das maiores empreiteiras do país. Além da Petrobras, estas empresas têm contratos em vários setores ligados à infraestrutura do País. Segundo os delatores, as empreiteiras aceitaram pagar propinas para obter contratos com a estatal do petróleo.
Nomes de pessoas, de empresas e valores não foram, contudo, apresentados por Paulo Roberto à CPI. Ele se limitou a dizer que já deu todos esses detalhes sobre o funcionamento do esquema em sua delação, em "80 depoimentos". "Nos meus 80 depoimentos que eu fiz, para a Polícia Federal e para o Ministério Público, 80 depoimentos - isso foram mais de duas semanas de delação -, o que está lá eu confirmo. Não tenho nada para não ter de prova, de não confirmar".
A defesa do ex-diretor da Petrobras alega que a segurança dele e o acordo com a Justiça podem ficar prejudicados caso ele quebre o sigilo das declarações que prestou.
As declarações do ex-diretor de Abastecimento foram potencializadas por uma desarticulação da base aliada durante a sessão da CPI, que também ouviu o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, a quem Costa acusa de também ter sido favorecido pelas irregularidades. Os principais líderes do PT no Congresso não estiveram presentes à reunião na maior parte do depoimento. Integrantes do aliado PMDB - outro partido que está na mira das acusações de Costa - tampouco acompanharam a sessão.
A defesa do governo Dilma Rousseff ficou por conta quase que exclusivamente do deputado Sibá Machado (PT-AC). O petista tentou impedir os oposicionistas de fazerem perguntas a Costa e Cerveró para além do propósito de acareação - que seria fazer um contradizer as acusações do outro e não revelar detalhes do esquema. O presidente em exercício da CPI, senador Gim Argello (PTB-DF), rejeitou as alegações de Sibá e disse que os parlamentares poderiam realizar os questionamentos que bem entendessem.
Tanto Costa quanto Cerveró, concordaram que o Conselho de Administração da Petrobras que aprovou a compra da refinaria de Pasadena (EUA) deve ser responsabilizado pelo negócio. Na época em que a refinaria foi adquirida, em 2006, o conselho era presidido pela então ministra da Casa Civil e hoje presidente da República Dilma Rousseff.
Neste ano, o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou possível prejuízo de R$ 792 milhões à estatal decorrente da compra e, por isso, bloqueou bens dos integrantes da diretoria executiva da época. A medida atingiu Costa e Cerveró, que eram diretores da estatal.
"A responsabilidade pela aquisição de ativos na Petrobras, ativos no Brasil e no exterior, cabe ao Conselho de Administração", disse Cerveró.
"A responsabilidade pelo Estatuto da Petrobras, a responsabilidade final de aprovar uma compra de um ativo como Pasadena é 100% do Conselho de Administração", acrescentou Costa.
Fonte, DN
Nenhum comentário
Comente Esta Noticia