PIB do CE cresce 5,60% e tem melhor trimestre desde 2010

Isso revela que todo o crescimento da economia do Estado ainda é insuficiente para equiparar o nível econômico do cearense ao do brasileiro.
De acordo com dados do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), divulgados ontem, o PIB do Ceará registrou alta de 5,60%, no terceiro trimestre deste ano, ante igual período de 2013, superando, outra vez, a performance nacional, que apresentou declínio de 0,2%, no mesmo comparativo. É a maior elevação do PIB cearense no trimestre desde 2010, quando o indicador chegou a 5,80%, no quarto trimestre do referido ano.
Considerando o acumulado do ano, de janeiro a setembro, a economia cearense também cresceu acima do País, com variação de 4,19%, enquanto o PIB do Brasil experimentou leve ascensão de 0,2%. No acumulado dos quatro últimos trimestres, o Ceará apontou 3,78% de incremento, enquanto a economia nacional teve 0,7% de elevação.
Setores
Participando com apenas 4,7% da economia cearense, a agropecuária foi a atividade que apresentou o maior crescimento do trimestre em termos percentuais, de 51,2%; apesar dos impactos da estiagem sobre esse setor produtivo. Por sua vez, o setor de Serviços, que representa 73,1% da atividade econômica do Estado, manteve a força com crescimento de 4,50%. Já a indústria, com 22,2% de participação, amargou queda de 0,7%.
No âmbito do segmento industrial, a única atividade que apresentou crescimento do valor adicionado (VA), no terceiro trimestre, foi o setor de Eletricidade, Gás e Água (SIUP), que experimentou alta de 4,9%, no terceiro trimestre de 2014 e de 3,62%, no acumulado do ano.
A maior retração do trimestre no âmbito da indústria ocorreu na construção civil, que registrou declínio de 2,9%, no terceiro trimestre, e queda de 1,65% no acumulado do ano.
As indústrias de transformação e extrativa mineral amargaram, ao mesmo tempo, redução de 2,2%, no trimestre. Porém, no acumulado do ano, o maior declínio, de 13,61%, coube à extrativa mineral. Enquanto isso, a indústria de transformação acumulou queda 2,13% no ano.
No setor de serviços, a expansão atingiu com maior ênfase os transportes (alta de 11,6% no trimestre), mas contemplou também todos os outros setores inerentes ao ramo de atividade, como comércio (4,1%), alojamento e alimentação (5,8%), intermediação financeira (7,3%), administração pública (1,9%) e outros serviços (5,4%).
Para o diretor geral do Ipece, Flávio Ataliba, a expansão nos ramos de transportes, alojamento e alimentação refletem o crescimento do turismo no Estado. "Esses segmentos específicos são vinculados aos setor de turismo, que vem registrando uma expansão muito forte no Ceará", afirma. Segundo ele, a alta verificada no comércio também tem grande impacto no setor devido a sua representatividade. "O comércio participa com 15,48% no Serviços", exemplifica.
Participação
Embora a participação do Ceará no PIB do País seja crescente, passando de 1,89%, em 2007, para 2,21%, em 2013, Flávio Ataliba reconhece que ela ainda é insuficiente para promover a igualdade entre cearenses e brasileiros. A perspectiva, segundo ele, é até o fim de 2014 ampliar essa participação para 2,3%, superando a participação histórica de 2,22%, obtida pelo Estado em 1966, na era Virgílio Távora.
"Crescemos em participação no PIB do País, estamos crescendo há 18 trimestres consecutivos acima do PIB nacional. Em termos anuais, desde 2008 ou há seis anos consecutivos crescemos acima da média nacional. Mas mesmo com todo esse crescimento ainda temos 50,51% do PIB per capita brasileiro. Seria necessário dobrar nossa participação sobre o PIB do País para chegar na média do PIB per capita nacional. Então ainda temos um caminho longo a seguir", admite o titular do Ipece.
Conforme Ataliba, apesar da ampliação do nível de investimentos no Estado, o Ceará não tem conseguido sair do mesmo patamar de participação no PIB nacional. "Entre os estados da Federação, o Ceará ficou em quarto lugar no ranking de investimentos públicos acumulados entre 2007 e 2013. Nesse período, os investimentos públicos em nosso estado somaram R$ 16,133 bilhões, perdendo apenas para São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, que investiram, respectivamente, R$ 75,218 bi, R$ 34,115 bi e R$ 32,195 bilhões".
O que eles pensam
Construção e indústria rebatem dados
Eu questiono um pouco esses dados, pois eles apontam para uma alta acentuada do PIB cearense e, ao mesmo tempo, para uma retração da construção civil no Estado. Isso não faz sentido, já que a construção civil tem um impacto superior a 20% no PIB estadual, sendo de fundamental importância para o desenvolvimento econômico do Ceará. Além disso, tivemos um ano de grandes lançamentos e o mercado imobiliário continua aquecido. A única forma que vejo de termos registrado retração é no que tange às obras públicas, que diminuiram no terceiro trimestre.
André Montenegro
Presidente do Sinduscon-CE
Costuma-se observar a indústria cearense isoladamente, mas, analisando em um contexto nacional, vemos que o setor, no Estado, recuou muito menos do que a média do País. Assim, não considero essa retração no acumulado de 2014 algo tão alarmante. Obviamente que não foi um ano fácil para a indústria do Ceará, posto que tivemos uma série de obstáculos, tais como a concorrência do exterior e até de outros estados, que possuem incentivos inexistentes aqui, mas creio que temos totais condições de retomar o crescimento.
Fernando Castelo Branco
Presidente do Conselho de Economia da Fiec
Ângela Cavalcante
Repórter
Fonte, DN
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