PMs fazem custódia de presos no IJF. Situação é ilegal, diz associação

Em meio aos corredores do maior hospital de urgência e emergência do Ceará, 35 policiais militares e um agente penitenciário realizam na manhã desta terça-feira, 27, a custódia de presos civis. Na noite anterior, por volta das 19 horas, eram 40 policiais nesta função no Instituto Dr. José Frota, de acordo com a Associação de Profissionais da Segurança (APS).

A entidade promete denunciar a situação corriqueira ao Ministério Público do Estado do Ceará (MP-CE) no início de novembro. Segundo o diretor vice-presidente da APS, Noélio Oliveira, a vigilância de detentos em hospitais não é competência da Polícia Militar (PM) e acaba prejudicando o trabalho ostensivo de combate à criminalidade nas ruas de Fortaleza.

Conforme o vice-presidente da APS, o número de policiais oscila, mas, geralmente, são destacados dois ou três policiais para cada preso internado.

"Os policiais militares estão insatisfeitos por fazer um trabalho que não é deles. A gente tem presos lá diariamente. Esses policiais poderiam estar na rua", disse Noélio. Um dos problemas que a situação pode acarretar, segundo explicou Noélio, é a demora de uma viatura para atender uma ocorrência. "Uma viatura do bairro vai demorar mais para chegar porque os policiais não estão na rua, mas sim no IJF. Uma praça sem policiamento ou uma área mais crítica com menos policiais pode ser resultado desta situação", contou ele.

Conforme a Associação, os policiais militares têm reclamado das condições de patrulha no IJF e da burocracia para entrar no hospital. "O PM é facilmente identificado. Lá no IJF, eles precisam passar por um processo burocrático toda vez que vão entrar no hospital. Não têm cadeiras para eles sentarem. Às vezes, o acompanhante de uma pessoa internada no hospital é que empresta para o PM sentar um pouco, em um turno de 12h", afirmou Noélio.

O vice-presidente da Associação relatou também que presos recebem alta, mas continuam sob escolta no IJF, visto que nenhuma equipe vai buscá-lo para levar para as delegacias e as penitenciárias. A APS sustenta que a custódia dos presos de delegacias e de presídios é competência dos policiais civis e dos agentes penitenciários.

Comando da Capital
O comandante do Policiamento da Capital (CPC), Francisco Souto, afirmou que o número de policiais militares na função oscila diariamente, variando em torno de 5 a 20 profissionais na custódia. "Infelizmente, não tem alternativa. Todos são presos da Justiça, ou do confronto da rua ou do presídio, e temos que administrar esse problema. Não há uma solução em curto prazo", disse o militar.

Para o coronel, os policiais militares deveriam estar nas ruas realizando o patrulhamento, mas precisam cumprir as ordens da Justiça. O militar discordou das acusações da APS de demora na busca de presos que já receberam alta no IJF. "Nós temos um oficial que, sempre que tem alta, comunica imediatamente as pessoas responsáveis por esse preso. Quando não tem transporte, nós mesmos fornecemos", finalizou.

Fonte, OPovo

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