Andressa Leandro Rebelo, de 23 anos, desaparecida desde agosto de
2015, após ter ido a um baile funk na favela Final Feliz, no Complexo do
Chapadão, Zona Norte do Rio, foi executada e teve o corpo queimado pela
quadrilha que controla a venda de drogas na favela. A investigação da
Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) revela que a jovem foi
assassinada em represália ao roubo da boca de fumo do local por seu
namorado, que fazia parte do bando de traficantes local.
De acordo
com a delegada Elen Souto, responsável pela investigação, a ordem para a
execução veio de dentro da cadeia: Davi da Conceição Carvalho, chefe do
tráfico na favela, preso desde novembro de 2014, ordenou que a jovem
fosse atropelada na saída do baile, morta com tiros na cabeça e levada
no porta-malas para a região de mata da favela, onde o carro, com seu
corpo no interior, seria queimado. O cadáver de Andressa não foi
encontrado até hoje. Além de Davi, foram identificados dois homens
responsáveis pela execução: Carlos Alberto Souza da Silva e Thiago Lima
de Carvalho. Ambos estão foragidos.
Andressa
Leandro Rebelo, de 23 anos, desapareceu no dia 29, após ser capturada
por homens armados na comunidade Final Feliz, no Complexo do Chapadão,
na Pavuna Foto: reprodução/Facebook
Os
três acusados foram identificados graças ao depoimento do pivô do crime,
o namorado de Andressa: Bruno Messias Araújo dos Santos. De acordo com
relatos de testemunhas reproduzidos no relatório do inquérito obtido
pelo EXTRA, Bruno “deu um grande desfalque nas bocas de fumo, por isso
saiu da comunidade” e foi morar num município da Baixada Fluminense.
Segundo Bruno, Andressa foi morta “em cumprimento à ordem do chefe do
tráfico na comunidade, Davi”. Ele ainda reconheceu, por fotos, os outros
dois acusado.
Bruno alegou ter largado o tráfico de drogas, mas
como tinha um mandado de prisão pendente pelo crime de associação para o
tráfico, foi preso logo após prestar depoimento.
— O inquérito já
foi enviado à Justiça. Os três traficantes vão responder por homicídio e
ocultação de cadáver e têm mandados de prisão preventiva expedidos em
seus nomes. Ainda estamos buscando identificar outros três responsáveis
pela execução — explicou Elen.
Davi: ordem da cadeia Foto: Divulgação
Celular entrega acusado
Durantes
as investigações, agentes da DDPA descobriram que o celular que estava
com Andressa na hora do crime passou a ser usado por Thiago Lima de
Carvalho. Para saber como Thiago conseguiu o aparelho da vítima, a então
namorada e a mãe do acusado foram ouvidas na especializada. A
ex-namorada, que afirmou ter terminado o relacionamento pouco após o
crime, disse, em depoimento, que recebeu várias ligações do celular de
Andressa no dia do assassinato, apesar de nunca ter falado pessoalmente
com ela.
Segundo a mulher, Andressa foi morta porque “tinha um
namorado na comunidade rival que já morou no Chapadão e teve que fugir
porque foi jurado de morte”.
Já a mãe de Thiago admitiu que o
filho “é envolvido com uma facção criminosa desde seus 16 anos” e que o
traficante já havia sido preso em 2012 quando era “soldado” da
quadrilha. Ela afirmou que o filho ainda tem envolvimento com a facção e
por isso não volta para casa, e que não tem contato com o filho “desde a
sua evasão do sistema penitenciário, em 2014, porque não concorda com a
vida que ele leva”.
Carlos: reconhecido Foto: fotos de Divulgação
Invasão a conjunto
Davi
da Conceição Carvalho foi preso em novembro de 2014 por agentes da 39ª
DP (Pavuna). Na ápoca, ele foi acusado de ter dado apoio aos traficantes
da favela Gogó da Ema para invadir o conjunto habitacional Residencial
Guadalupe, do programa federal “Minha Casa, minha vida”. Ele é apontado
pela polícia como chefe do tráfico das favelas Final Feliz, Tiradentes e
Esperança, no Chapadão.
Também foram ouvidas, ao longo da
investigação, diversos parentes e amigos de Andressa. O depoimento de
uma das testemunhas revela que a jovem estava acompanhada de uma amiga
quando foi surpreendida pelos bandidos na saída do baile. De acordo com o
relato, a amiga “não foi levado porque é sobrinha de um traficante da
facção”.
Ainda de acordo com o depoimento, “Andressa era muito
ligada a traficantes do Final Feliz e do Parque Esperança”, no Chapadão,
e “morreu porque estava ‘vacilando’ muito na favela e se envolvendo em
brigas no baile pois ‘se garantia’ nos traficantes locais”.
Thiago: ficou com o celular da vítima
Uma
parente de Andressa chegou a ir até a favela no mesmo dia do crime para
perguntar pela jovem. De acordo com o depoimento, perguntou a meninos
ostentando “radinhos” numa das entradas da favela sobre a menina. Um
deles respondeu “que ela estava morta, que foi ordem de dentro da cadeia
para matá-la, porque ela estava de ‘vacilação’”. De acordo com a
mulher, na ocasião, ela ouviu, dos garotos, o nome Davi.
Em
seguida, como insistiu em perguntar sobre onde estava o corpo de
Andressa, o garoto teria “ordenado que ela saísse dali, começado a
xingá-la e dizer que a matariam se continuasse perguntando
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