Delegado não vê morte de ambulante no Metrô como crime de intolerância
"Não há nada que leve a crer em crime de intolerância. Não há nada que
leve que eles agrediram por serem homossexuais, moradores de rua, nada
disso", diz o delegado. Os dois suspeitos foram reconhecidos por todas
as 14 testemunhas e, de acordo com o delegado do caso Rogério Marques,
nem eles próprios negam o que fizeram. "Pelo vídeo que analisamos, é
clara a intenção de matar a vítima", acrescentou.
Segundo Marques, os agressores disseram que só tiveram noção do que
haviam cometido no dia seguinte. "Os dois só viram que morreu no dia
seguinte, pela televisão. Momento em que eles pegaram as coisas deles e
fugiram para a casa de parentes".
Eles ficarão na carceragem do 77º DP, na Santa Cecília, no Centro da
cidade, enquanto durar a prisão temporária, que é de 30 dias,
prorrogáveis por mais 30. O delegado Marques já adiantou, no entanto,
que após instaurar o inquérito vai pedir a prisão preventiva dos
suspeitos. Neste caso, eles seriam levados para um Centro de Detenção
Provisória (CDP), onde ficariam detidos sem prazo determinado para
saírem. "Tem que tirar esses agressores do convívio social", disse.
Segundo o delegado, os primos alegam que foram urinar em uma praça
próximo à estação quando foram abordados por moradores de rua que os
roubaram. Alípio e Ricardo disseram à polícia que tentaram reaver os
pertences levados e Luís Carlos Ruas intercedeu em favor dos supostos
ladrões.
"Eles alegam que esse ambulante, tentando defender os moradores de rua,
teria dado uma garrafada no Alípio", contou Marques. "Antes de fazerem o
interrogatório, eles foram orientados pelo advogado, então o advogado
com certeza deve ter feito uma história e repassado para eles",
ressaltou ele.
O delegado disse ainda que nenhuma das testemunhas ouvidas relatou ter
presenciado algum roubo naquela noite ou a suposta garrafada dada por
Ruas. Apenas uma testemunha, entretanto, confirmou ter visto a confusão
desde o princípio. Marques afirmou ainda que os suspeitos demonstraram
"profundo arrependimento" durante o interrogatório: "Dizem que aconteceu
porque estavam alcoolizados".
Presos podem pegar até 30 anos
Especialistas em direito criminal dizem que as imagens das agressões
oferecem todos os elementos para que Alípio Rogério Belo dos Santos e
Ricardo Martins do Nascimento, que estão presos, sejam denunciados por
homicidio triplamente qualificado, que pode resultar em pena máxima, de
30 anos de prisão.
As qualififcadoras são motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima.
"A primeira qualificadora seria o motivo torpe, porque eles agiram com
motivo repugnante. eles desconsideraram aquela pessoa como ser humano.
Eles agiram de forma repugnante", explica Marina Coelho Araújo,
professora de direito penal.
"A segunda qualificadora é a qualificadora do meio cruel. foi um
espancamento. Eles bateram nos locais vitais daquela pessoa até ela
falecer. E a terceira qualificadora é o meio que impossibilitou a defesa
da vitima. ele ja estava caido, eles empurraram, ela caiu, bateu a
cabeça a pessoa e depois eles mataram."
A pena por homicídio simples pode chegar a 12 anos. Se forem condenador
por todas essas qualificadoras, os dois primos vão cumprir pena por
crime hediondo.
Fonte, G1
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