Abraço de FH e Lula promove ‘trégua’ na radicalização política, dizem analistas
RIO — Muito mais do que um abraço no momento em que o estado de saúde de dona Marisa Letícia era irreversível, o gesto de solidariedade do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a
seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva, foi capaz de enviar uma
mensagem de combate à polarização política que marca o debate nacional
desde o processo de impeachment de Dilma Rousseff. É o que pensam
cientistas políticos ouvidos pelo GLOBO. A imagem que correu as redes
sociais provocou manifestações de apoio ao diálogo, inclusive entre os
ex-chefes do Executivo.
—
É uma mensagem que deve ser assimilada: esse gesto expõe a couraça da
população que não tem se deixado sensibilizar pelo valor humano. Percebo
uma animalização no que envolve a discussão política. As pessoas
parecem ter perdido o senso de alguns valores que devem se sobrepor ao
confronto político — afirma Cláudio Gurgel, da Universidade Federal
Fluminense.
Nas redes, circulou a imagem do encontro de Lula e FH ao lado de outra foto, de 2008. Na ocasião, os ex-presidentes se abraçaram no velório de Ruth Cardoso, mulher de Fernando Henrique. A visita, daquela vez, era de Lula.
— É um gesto que corresponde à formação deles como políticos. É bom
lembrar que o FH esteve no nascedouro do PT, fez campanha em defesa das
greves do ABC. Há um histórico que não pode ser comparado ao dos
políticos mais recentes, que, de uma forma geral, se expressam de um
jeito mais grosseiro. Mostra que há uma diferença entre a geração de
Lula e FH e essa de agora — acrescenta Gurgel.
Paulo Baía, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, lembra da proximidade entre os ex-presidentes na década de 1970.
— Em 1978, Lula fez campanha e ajudou a eleger FH como suplente no Senado, cargo que ele assumiria em 1982. Na Constituinte, eles mantiveram algumas afinidades. A relação só se distanciaria em 1994, quando disputam a Presidência.
Nas redes, circulou a imagem do encontro de Lula e FH ao lado de outra foto, de 2008. Na ocasião, os ex-presidentes se abraçaram no velório de Ruth Cardoso, mulher de Fernando Henrique. A visita, daquela vez, era de Lula.
Paulo Baía, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, lembra da proximidade entre os ex-presidentes na década de 1970.
— Em 1978, Lula fez campanha e ajudou a eleger FH como suplente no Senado, cargo que ele assumiria em 1982. Na Constituinte, eles mantiveram algumas afinidades. A relação só se distanciaria em 1994, quando disputam a Presidência.
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