Maioria dos países descumpriu meta de reduzir analfabetismo, diz Unesco
Na terceira edição do Relatório Global sobre Aprendizagem de Adultos e
Educação (Grale III, na sigla em inglês), divulgada nesta quarta-feira
(15), a Unesco afirmou que, segundo as informações enviadas pelos
países, o mundo tinha, em 2015, 758 milhões de adultos sem capacidade de
ler e escrever uma simples frase.
Desses, 115 milhões são jovens, ou seja, tinham entre 15 e 24 anos de
idade. Isso quer dizer que cerca de 85% dos analfabetos no mundo
pertencem a gerações distantes de idades consideradas propícias para a
vida escolar e, portanto, que oferecem mais obstáculos para a
aprendizagem.
O documento se baseia em pesquisas de monitoramento respondidas por 139
estados-membros da Unesco, "com a finalidade de elaborar um retrato
diferenciado da situação global da aprendizagem e da educação de adultos
(AEA)". Segundo o relatório, foram avaliados os progressos dos países
que assinaram, em 2009, o Marco de Ação de Belém, que inclui propostas
de políticas em três áreas: saúde e bem-estar; emprego e mercado de
trabalho; e vida social, cívica e comunitária.
Apesar do fracasso no cumprimento da meta, 85% dos países que
participaram do levantamento dizem que " a alfabetização e as
habilidades básicas eram uma prioridade principal de seus programas de
aprendizagem e educação de adultos", e 46% deles disseram que "o
investimento inadequado ou mal direcionado é um fator importante que
impede a aprendizagem e a educação de adultos de causarem impacto maior
na saúde e no bem-estar".
Mulheres sofrem mais
A falta de educação de qualidade para jovens e adultos afeta mais as
mulheres do que os homens. Segundo o relatório da Unesco, "a maioria
(63%) dos adultos com baixas habilidades de alfabetização é formada por
mulheres". Além disso, os dados mostram que a taxa de meninas fora da
escola é mais alta que a de meninos: uma em cada dez meninas (9,7%) não
está na educação formal nos 139 países participantes da pesquisa,
enquanto a taxa de meninos fora da escola é de 8,3%.
O órgão afirma que "a educação é essencial para a dignidade e os
direitos humanos, e é uma força para o empoderamento" e que "a educação
de mulheres também tem grandes impactos nas famílias e na educação das
crianças, influenciando o desenvolvimento econômico, a saúde e o
engajamento cívico de toda a sociedade".
Educação para Todos
Desde 2000, a Unesco monitorou os dados enviados pelos seus 195
países-membros relacionados à educação para acompanhar a evolução das
políticas rumo ao cumprimento de seis metas:
- Expandir a educação e os cuidados na primeira infância, especialmente para as crianças mais vulneráveis.
- Garantir que em 2015 todas as crianças, especialmente meninas, crianças em situações difíceis e crianças pertencentes a minorias étnicas, tenham acesso a uma educação primária de boa qualidade, gratuita e obrigatória, além da possibilidade de completá-la.
- Assegurar que as necessidades de aprendizagem de todos os jovens e adultos sejam satisfeitas mediante o acesso eqüitativo à aprendizagem apropriada e a programas de capacitação para a vida.
- Atingir, em 2015, 50% de melhoria nos níveis de alfabetização de adultos, especialmente para as mulheres, e igualdade de acesso à educação fundamental e permanente para todos os adultos.
- Eliminar, até 2005, as disparidades existentes entre os gêneros na educação primária e secundária e, até 2015, atingir a igualdade de gêneros na educação, concentrando esforços para garantir que as meninas tenham pleno acesso, em igualdade de condições, à educação fundamental de boa qualidade e que consigam completá-la.
- Melhorar todos os aspectos da qualidade da educação e assegurar a excelência de todos, de modo que resultados de aprendizagem reconhecidos e mensuráveis sejam alcançados por todos, especialmente em alfabetização, cálculo e habilidades essenciais para a vida.
Em abril de 2015, o órgão da ONU anunciou que Cuba foi o único país latino-americano a cumprir todas as seis metas.
Fonte, G1
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