Coreia do Norte confirma plano para atacar Guam com mísseis
"Um diálogo sensato é impossível com um sujeito assim, desprovido de
razão, e com ele só funciona a força absoluta", indicou a agência
estatal KCNA, citando o general norte-coreano Kim Rak-gyom.
A ameaça ocorre após os Estados Unidos advertirem os norte-coreanos, na
quarta (9), de que o país está arriscando a sua "destruição" se continuar com o programa armamentista. Trump destacou o poder nuclear americano diante da crescente inquietação internacional, um dia depois de prometer "fogo e fúria" a Pyongyang "como o mundo nunca viu".
"Espero que nunca tenhamos que usar esse poder", acrescentou Trump,
após a sua advertência sem precedentes ao governo de Kim Jong-un, que
ameaça atacar o território americano com mísseis nucleares.
Longe de apaziguar a situação, o secretário americano de Defesa, Jim
Mattis, pediu que a Coreia do norte "detenha" o desenvolvimento de armas
nucleares e pare de fomentar ações que levem "ao fim de seu regime e à
destruição de seu povo".
Em sintonia com os tuítes de Trump, o chefe do Pentágono minimizou o
poderio militar de Pyongyang, afirmando que "perderia qualquer corrida
armamentista ou conflito que começasse" com os EUA.
A repercussão dos tuítes de Trump e de sua incendiária declaração de
terça-feira (8) de seu clube de golfe em Nova Jersey, onde está de
férias, afetaram a queda do dólar, as principais bolsas mundiais e
despertaram inquietações.
Nesta quinta, o Japão afirmou que "jamais poderá tolerar as
provocações" de Pyongyang. "Apelamos firmemente à Coreia do Norte para
que leve a sério as reiteradas advertências da comunidade internacional,
acate as resoluções da ONU e se abstenha de realizar novas
provocações", disse o porta-voz do governo japonês Yoshihide Suga.
O funcionário japonês destacou que "é muito importante manter o poder
de dissuasão americano diante da gravidade da situação de segurança na
região".
Na véspera, a China exortou que se evitem "as palavras e os atos
suscetíveis" de agravar a situação, enquanto Berlim pediu "moderação" às
partes. A França, no entanto, elogiou a "determinação" de Trump ante
Pyongyang.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, se mostrou "preocupado", e
pediu por meio de seu porta-voz que reduzam as tensões e apelem para a
diplomacia.
A pedido de Washington, a Organização das Nações Unidas endureceu há
alguns dias as sanções contra Pyongyang por seu programa nuclear, que
poderia custar ao governo norte-coreano um bilhão de dólares anuais.
Os Estados Unidos descartam uma "ameaça iminente" para Guam,
um estratégico enclave militar, onde conta com 6.000 soldados, e outros
objetivos, confiando que a pressão diplomática irá prevalecer.
"Acho que os americanos devem dormir bem, sem nenhuma preocupação sobre
esta particular retórica dos últimos dias", disse o chefe da Diplomacia
americana, Rex Tillerson, após justificar a "mensagem forte" do
presidente Trump "em uma linguagem que Kim Jong-un pode compreender".
Sobre o fato de os comentário de Trump surpreenderem o seu círculo mais
próximo, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, disse que o
Conselho de Segurança Nacional e outros funcionários sabiam que "o
presidente iria responder [...] com uma mensagem forte em termos
inequívocos".
A remota e paradisíaca ilha de Guam, de apenas 550 km2 e onde vivem
162.000 pessoas, em sua maioria dedicados ao turismo, permanecia calma
nesta quarta-feira diante da ameaça norte-coreana. O governador, Eddie
Calvo, minimizou os atos de Pyongyang, mas assinalou que o território
está "preparado para qualquer eventualidade".
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2017/W/u/AXrC9KQ4AM8TESaWyEPA/2017-08-08t233727z-1837336202-rc13d3a24f20-rtrmadp-3-northkorea-missiles-usa.jpg)
Rápido avanço
A retórica de Trump tem apresentado uma escalada em relação a
Pyongyang, após dois testes bem-sucedidos de mísseis balísticos
intercontinentais (ICBM) por parte do governo de Kim Jong-un.
O primeiro teste, descrito pelo líder norte-coreano como um presente
aos "bastardos americanos", mostrou que o dispositivo poderia alcançar o
Alasca. O segundo sugeriu que poderia chegar até Nova York.
Na terça-feira, o jornal "The Washington Post" relatou que a Coreia do
Norte teria a capacidade de colocar pequenas ogivas nucleares nestes
mísseis, segundo um relatório da Agência de Inteligência de Defesa (DIA,
em inglês).
O jornal americano também assinalou que outra avaliação da Inteligência
considerou que a Coreia do Norte tem agora até 60 armas nucleares, mais
do que se pensava.
Alguns especialistas asseguram que Pyongyang ainda deve superar
obstáculos técnicos, em especial para conseguir fazer uma miniatura de
uma ogiva nuclear para introduzi-la com sucesso em um míssil.
Mas apesar das discrepâncias, todas estão de acordo que a Coreia do
Norte avança rapidamente em sua corrida de armas nucleares desde a
chegada de Kim Jong-un ao poder, em dezembro de 2011.
Fonte, G1
Nenhum comentário
Comente Esta Noticia