Jorge Alejandro Delhon, um funcionário de uma empresa acusado de
corrupção por Alejandro Burzaco, executivo envolvido em casos de
propinas envolvendo o futebol sul-americano, foi encontrado morto na
noite desta terça-feira na Argentina. A polícia local fala em suicídio.
Citado na delação do empresário na audiência ocorrida durante o dia no
Tribunal Federal do Brooklyn, Jorge Alejandro Delhon teria se atirado à
frente de um trem na cidade de Lanús.
Advogado de 52 anos, Delhon foi acusado por Burzaco de, juntamente com
Julio Grondona (ex-presidente da AFA) e Pablo Paladino (Coordenador de
Futebol), receber propinas, assim como outros altos executivos de
Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol).
Delhon trabalhou na Chefia de Gabinete do governo de Cristina Kirchner
de 2012 a 2015 e era um dos dirigentes do “Fútbol para Todos”, programa
criado pelo governo argentino que garantiu a transmissão das partidas
dos clubes argentinos da Primeira Divisão, finais da Libertadores e
Sul-Americana e da Série B do país. Ele era amigo de Pablo Paladino,
coordenador geral do "Fútbol para Todos". Delhon foi acusado por
Alejandro Burzaco por, ao lado de Paladino, cobrar propinas de até 4
milhões de dólares entre 2011 e 2014.
Segundo o “Clarín”, Jorge Delhon também era amigo de Carlos Rivera,
dono de uma empresa financeira chamada Alhec, que descontava os cheques
dados pela AFA aos clubes. De acordo com o jornal, as operações
normalmente eram feitas em troca de altas comissões.
Ainda segundo informações do jornal "Clarín", fontes policiais
confirmaram o suicídio, relatando que Jorge Alejandro Delhon se atirou à
frente da formação de número 3251 que ia em direção a Ezeiza, onde fica
o Aeroporto Internacional de Buenos Aires.
Delhon foi citado em um depoimento que envolveu vários nomes de dirigentes e grupos de mídia.
O delator Alejandro Burzaco, ex-executivo da empresa Torneos y
Competencias, disse que pagou a altos executivos da Confederação
Sul-americana de Futebol (Conmebol) - entre eles dois ex-presidentes da
CBF (José Maria Marin e Ricardo Teixeira) e o atual presidente da
entidade, Marco Polo Del Nero.
Burzaco disse também que fez parcerias com outras empresas de mídia e
que quase todas pagaram propina para cartolas - citando a TV Globo, a
Media Pro (Espanha), a Fox Sports (EUA) e a Televisa (Mexico) e duas
empresas de intermediação - a Traffic (brasileira) e a Full Play
(argentina). O Grupo Globo afirma veementemente que não pratica nem
tolera qualquer pagamento de propina
O depoimento foi dado no processo em que Marin - que está em prisão
domiciliar nos EUA desde 2015 - está sendo julgado ao lado de Juan
Manuel Napout (ex-presidente da Conmebol e da federação paraguaia) e
Manuel Burga (ex-presidente da federação peruana).
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