Temer vai esperar o Supremo para decidir sobre ministra Cristiane Brasil

O presidente Michel Temer pretende manter a escolha de Cristiane Brasil (PTB-RJ) para o Ministério do Trabalho até que o STF (Supremo Tribunal Federal) decida sobre a posse da deputada. Segundo a reportagem apurou, Temer assumiu o desgaste criado em torno da nomeação de Cristiane para evitar desagradar a Roberto Jefferson, presidente do PTB e pai da congressista, e não abrir crise com um dos principais partidos de sua base aliada.

Na avaliação do presidente, uma nova indicação para o posto deve partir do próprio PTB -e não de qualquer pressão do Palácio do Planalto. Ontem, o vice-presidente do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, Guilherme Couto de Castro, manteve decisão da primeira instância que suspendeu a posse de Cristiane.

O juiz negou recurso da Advocacia-Geral da União (AGU) que tentava derrubar a liminar para que o governo pudesse empossar a deputada ainda ontem. Diante desse cenário, a AGU entrou com um recurso no STF e espera uma decisão até o fim desta semana.

Assessores de Temer dizem que a ordem é esperar a palavra final do Supremo e, caso a corte mantenha a suspensão da posse, Temer conseguirá transferir o ônus e argumentar ao PTB que não há outra saída a não ser substituir o nome de Cristiane. Durante reunião ontem entre Temer, Jefferson, Cristiane e o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), não foi discutida qualquer possibilidade de reverter a indicação da deputada. Ele disse que o partido vai "resistir", já que considera uma "irregularidade" que um juiz de primeira instância interfira em uma decisão do presidente da República.

A escolha, na semana passada, da filha do delator do mensalão para substituir Ronaldo Nogueira no Ministério do Trabalho foi uma espécie de recompensa pela atuação de Jefferson. Ele trabalhou pessoalmente para que a bancada de seu partido definisse apoio à reforma da Previdência, principal bandeira do governo.

Temperamento
Auxiliares de Temer dizem, em conversas reservadas, que o "temperamento combativo" de pai e filha deve impedir qualquer movimento do PTB para trocar a indicação.

À reportagem Cristiane afirmou que "não existe hipótese" de ela desistir de assumir o Ministério do Trabalho. A deputada negou ainda que o presidente tenha tentado convencê-la a abrir mão do posto. "Nada dito foi dito", disse a deputada, que participou do encontro com Temer ao lado do pai.

A decisão que suspendeu sua posse foi resultado de uma ação movida por um grupo de advogados que protocolou diversas ações populares nas varas da Justiça Federal do Rio, com o argumento de que a futura ministra não pode ser empossada visto que foi condenada por desrespeitar direitos do trabalho.

Cristiane foi condenada a pagar R$ 60 mil por dívidas trabalhistas a um de seus ex-motoristas e fez um acordo com outro profissional, no valor de R$ 14 mil, para evitar uma nova condenação. Ambos alegaram que cumpriam jornadas superiores a 12 horas e que ela não pagou horas-extras, férias, 13º salário, FGTS e verba rescisória.

Cristiane disse no processo que eles eram prestadores de serviço, sem vínculo trabalhista com ela. Mesmo com os casos tornados públicos, auxiliares de Temer minimizam as ações trabalhistas e dizem que não são fatores impeditivos para a nomeação de Cristiane.

A cerimônia de posse da deputada como ministra do Trabalho estava marcada para a tarde de ontem. O evento constava da agenda de ministros, como Moreira Franco (Secretaria-Geral), e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Um dos salões do Planalto foi preparado para a cerimônia e alguns convidados chegaram a comparecer à portaria, mas foram aconselhados pelo cerimonial da presidência a voltarem mais tarde. A expectativa do governo era a de que a liminar da 1ª instância fosse derrubada pelo TRF ainda ontem e que, dessa forma, ela seria empossada.

Fonte, DN

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