Tendência é que chuvas retornem nesta semana

Entre os transeuntes da Praça do Ferreira, o vendedor Aloísio Andrade, 34, se desdobrava para encontrar potenciais clientes e equilibrar uma dúzia de guarda-chuvas, divididos nos dois antebraços. A quantidade dos objetos antecipava que a comercialização não tinha sido boa ao longo da manhã. "Só vendi três, hoje. É muito diferente do que estava acontecendo antes, quando eu chegava a comercializar de 10 a 15 por dia", lamenta. O homem comenta que, entre dezembro e janeiro, o otimismo era maior. "Não sei se é porque está na metade do inverno que vem enfraquecendo. Mas fico esperando que mude a situação".

Mais do que qualquer outro motivo, a frustração de Aloísio pode ser explicada pela frequência de chuvas observadas ao longo do mês. De acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), atualmente, o desvio negativo de chuvas no Ceará é de 67% em março, considerado o principal da Quadra Chuvosa. A média histórica para este período é de 203,4 milímetros.

No entanto, a tendência para a Capital cearense é que a situação melhore ao longo desta semana. Com desvio menor do que o registrado no Estado (apenas 46% no mês) a previsão, ao longo desta e da próxima semana, é de maiores precipitações, segundo explica o supervisor da Unidade de Tempo e Clima da Funceme, Raul Fritz.

O prognóstico vai na contramão dos registros de chuva em Fortaleza entre domingo (25) e ontem (26). Pela medição feita pelo posto do bairro Água Fria, só, foram registrados 8.6 mm, aquém do necessário para amenizar a situação desfavorável. Em toda a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), o maior volume foi registrado em Beberibe, com 47 mm no período analisado. Em todo o Ceará, foram registradas chuvas em 64 municípios até a manhã da última segunda-feira (26).

Veranico
O meteorologista explica que as chuvas abaixo da média e a presença de veranico - período de estiagem além de cinco dias, acompanhado por calor intenso e baixa umidade - podem ser explicadas pelo afastamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), banda de nuvens que circunda a faixa equatorial do globo terrestre, formada pela confluência dos ventos alísios do hemisfério norte com os ventos alísios do hemisfério sul.

"Em outros momentos, ela esteve junto ao Estado, mas apresentava uma fraca capacidade de formação de nuvens de chuva, principalmente as de maior abrangência geográfica, que ficavam mais isoladas. Essa zona significa convergência desse ventos, que oscilam em latitude, então isso se afasta um pouco, tem hora que vai mais para o Norte, às vezes vem mais para o Sul. Esse afastamento promove uma fraca atividade da zona e, consequentemente, menor incidência de chuvas", explica.
As novas perspectivas apontam que abril - outro mês de pico na Quadra Chuvosa - irá começar de forma favorável, em relação às chuvas, ao menos na primeira semana. A média desse mês é de 188mm. "É um pouco menor em relação ao mês de março, mas ainda é significativa. Se abril chover bem, compensa a deficiência do mês atual, mas o ideal é que chova acima do padrão", afirma Raul.

Preocupação
Além da incerteza da chuva, há quem também tenha receio do que acontecerá no caso de precipitações mais intensas. O artista plástico Cantídio Brasil, 68, comenta que o Poder Público e a própria população deveriam ser mais atentos às questões estruturais, durante períodos chuvosos.
"Fortaleza não está preparada para uma temporada de inverno. Os bueiros sempre estão com muito lixo. Quando chove, vira um verdadeiro caos. Todo dia eu sempre passo por muitos cantos da cidade, e é comum ter problemas de mobilidade e de alagamento", reclama.

(Colaborou Fabrício Paiva)
Fonte, DN

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