Agricultores rompem ilegalmente parede auxiliar do Açude Orós para obtenção de água
Um grupo de agricultores do Perímetro Irrigado Icó-Lima Campos, na região Centro-Sul do Ceará, arrombou, nesta quinta-feira (11), parte da parede de uma barragem auxiliar, no Açude Orós, o segundo maior reservatório do Ceará. O objetivo é fazer com que a água reabasteça, por gravidade, o Açude Lima Campos e em seguida possa irrigar áreas de produção agrícola.
Usando enxadas, chibancas e outras ferramentas, os irrigantes fizeram um corte na parede liberando a água em direção ao túnel para reabastecimento do Lima Campos. O presidente da Associação do Distrito de Irrigação Icó-Lima Campos (Adicol), Francisco Canindé de Souza, disse que a abertura da parede do reservatório é "para salvar culturas de capim, goiaba, banana e coco".
Produção Agrícola“Os irrigantes estavam cansados de esperar por uma decisão da Cogerh (Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos), que não respondeu ao nosso pedido de transferência de água do Orós para o Lima Campos. Então apoiamos essa decisão de cortar a parede". justificou.
Canindé lembra ainda, que nos últimos cinco anos, os irrigantes já tiveram prejuízos elevados com a perda de culturas agrícolas por falta de água. “Era preciso fazer alguma coisa, não tinha mais como esperar”, frisa. “A água agora escorre por gravidade e vai salvar a produção agrícola”.
Os irrigantes, temendo ser chamados a depor pelo ato, não quiseram ser identificados. “Estamos sofrendo muitos prejuízos, faz muito tempo. O açude Lima Campos e o Orós estavam secos, sem condições de irrigação, mas agora têm água que dá para irrigar, então porque não soltar essa água”, desabafou um deles.
Perímetro
O Açude Orós está com 28% de sua capacidade e o Lima Campos acumula 17%, de acordo com o Portal Hidrológico da Cogerh.
O Perímetro Irrigado Icó- Lima Campos é administrado pelo Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs). Erivan Anastácio, do escritório regional de Icó, considerou um erro a decisão dos agricultores. “Se tivesse tido mais cautela teria sido melhor, uma saída negociada, pois é preciso respeitar as decisões do comitê de bacia”, disse. “Acho que foi uma decisão precipitada”.
As culturas frutíferas e plantio de capim para alimentação do gado ficam nos núcleos produtivos do Posto Agrícola, Delta, Alfa e Gama, na margem esquerda do Rio Salgado, no Perímetro Irrigado Icó – Lima Campos. Anastácio lembra que há um decreto estadual que não permite irrigação sem uso de tecnologia moderna. Nas antigas áreas de produção o sistema ainda é antigo, pois depende de investimento do Dnocs.
O órgão federal também informou que irá registrar um Boletim de Ocorrência (BO) por dano material ao patrimônio público.
Cogerh
O diretor de Operações da Cogerh, Bruno Rebouças, classificou a ação dos agricultores como "intempestiva, causando prejuízo ao patrimônio público". Rebouças pontua que a água vai seguir por gravidade, mas só por pouco dias. “Para restabelecer a transferência de água vai ser preciso ser fechada a parede da barragem para evitar o retorno da água”, frisa. “Eles causaram prejuízos a eles mesmos”.
A Cogerh ainda não decidiu se vai fazer o reparo na parede ou se vai deixar a água escorrer até o nível de gravidade.
O chefe do escritório da Cogerh em Crato, que abrange a bacia do Salgado, Alberto Medeiros, considera que o ato praticado pelos agricultores foi um crime, por depredação do patrimônio público e que será feita denúncia na Polícia Civil e no Ministério Público Estadual para as providências cabíveis. Sobre a alegação da Adicol de que solicitou bombeamento da água do Orós para o Lima Campos, Medeiros esclarece que:
Fonte, DN“Essa operação só poderia ser tomada na reunião de alocação, em julho próximo, pois a Cogerh não trabalha de forma individual, e sim pela decisão coletiva”.
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