Presidente do BNB renuncia, e diretoria é reformulada em meio a denúncias


Treze dias após se tornarem públicas as denúncias de operações irregulares que já contabilizam pelo menos R$ 67 milhões em prejuízo, o Banco do Nordeste do Brasil (BNB), passa por seu momento mais crítico. Ontem, quando foi oficializada a "renúncia" do ex-presidente do banco, Jurandir Santiago, a instituição anunciou uma série de mudanças em sua diretoria, entre elas a exoneração dos diretores de Desenvolvimento, Sydrião Alencar, e de Controle e Risco, Isidro Moraes de Siqueira.

Assumindo agora o cargo de presidente interino, o diretor de Negócios do BNB, Paulo Sérgio Rebouças Ferraro, passa a comandar o banco em um quadro no qual se entrelaçam a especulação sobre o nome do novo presidente e o discurso de que a nomeação - escolha que cabe à Presidência da República - seja primada por critérios técnicos - e não por questões políticas.

Resposta em nota

Um dos suspeitos no caso dos kits sanitários, no Município de Ipu, o ex-presidente Jurandir Santiago apresentou ontem uma nota à imprensa na qual afirma que as razões que o levaram a renunciar "são de cunho pessoal, com o objetivo de preservar a minha família e a imagem da instituição que presidi, em virtude de matérias divulgadas nesta data (ontem) nos jornais desta cidade que denigrem a minha honra e às quais quero dedicar tempo integral para provar minha inocência".

Por sua vez, o advogado de Santiago, Hélio Leitão, afirmou que seu cliente não foi notificado oficialmente e que soube das denúncias por meio da imprensa. "Ele tomou conhecimento no dia de hoje, através da imprensa, das especulações que são formuladas. Ele, em momento algum, tomou conhecimento oficial delas, não recebeu nenhum chamamento, quer judicial, quer do Ministério Público ou de qualquer órgão de investigação que seja", comentou. Nesta semana, o procurador geral de Justiça do Ceará, Ricardo Machado, aditou a denúncia-crime que havia sido feita contra o prefeito do Município de Ipu, Sávio Pontes, para incluir o nome de Jurandir Santiago, que era subsecretário da Secretaria das Cidades, responsabilizando-o pelos mesmos crimes imputados a Sávio Pontes, que está foragido. A denúncia-crime se refere a irregularidades graves em dois convênios, firmados em 2009, entre a Secretaria de Cidades e a Prefeitura de Ipu, para a construção de 2.108 kits sanitários. Suspeito no escândalo dos kits e comandando o banco em um momento tão delicado, Santiago deixa a presidência da instituição em meio à pressão para que houvesse mudanças na liderança do BNB.

 
Assume interinamente
O presidente interino, Paulo Sérgio Rebouças Ferraro, é administrador de empresas e técnico em contabilidade. Segundo informações do BNB, Paulo Sérgio Ferraro, natural de Salvador, ingressou no Banco do Nordeste por meio de concurso público, em 1977, aos 16 anos. Ferraro já ocupou diversas funções, entre elas gerente e superintendente, em agências da Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais. Ele ocupa a diretoria de Negócios desde 2007 e permanecerá no cargo mesmo assumindo a presidência de forma interina.

A reportagem procurou Ferraro, mas foi informada, pela assessoria de comunicação do BNB, que o presidente interino não se pronunciaria à imprensa ontem. Além disso, questionamentos foram encaminhados à assessoria de comunicação do banco, para serem repassadas ao ex-presidente, que, segundo a assessoria, não as respondeu até o fechamento da edição.

JOÃO MOURAREPÓRTER
Fonte, DN 

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