A aposentadoria de Rogério Ceni é, secretamente, um alívio para os são-paulinos
Não se discute a posição de Rogério Ceni na história do São Paulo. É o
maior, independente do critério que se utiliza: estatístico, liderança,
títulos, tempo de casa e identificação com a torcida. A luta do goleiro
para tentar se despedir de forma digna e oficialmente na última rodada
do Campeonato Brasileiro ratifica todas as impressões que o levaram a
esse patamar, algo raro entre jogadores contemporâneos.
Os adversários negam e jamais admitirão, mas defendo a tese de que todos eles gostariam de ter um ídolo como Rogério Ceni. Imagine só ter um goleiro que marcou 131 gols (incluindo nos principais rivais) e fez defesas que garantiram conquistas das mais variadas – e um simples Campeonato Paulista a um Mundial contra o Liverpool. Nada mal. Os detratores alegam muita coisa, quase tudo insustentável. A pior delas é considerá-lo um goleiro inferior por conta de uma empáfia que, muitas vezes, é apenas um sinal de inteligência num mar de obviedades boleiras.
Mas é fato também que Rogério Ceni há dois anos não consegue mais chegar nem perto de sua excelência. Os reflexos caducaram, a propriedade que tinha com a bola nos pés se transformou em armadilha para lances bisonhos, como os dois gols de cobertura marcados esse ano pelo palmeirense Robinho. Até mesmo aquela inconfundível “pochete” marcava o uniforme, denunciando que o metabolismo já não dava ao número 1 a mesma condição física.
Rogério anunciou que pararia no final do ano passado. Mas na última hora mudou de ideia e decidiu disputar mais uma Libertadores, o torneio que tem a cara do goleiro, do clube e a preferência do torcedor. Diante disso, os são-paulinos se viram diante de um dilema. Como defender seu maior ídolo, ao mesmo tempo em que os sinais de declínio se tornavam mais aparentes?
A solução foi adiada por um ano. A insistência de Rogério coincidiu com o pior ano fora dos gramados do São Paulo. Entre uma contusão e outra, o goleiro pouco pode fazer para reverter quadros graves que incluíram trocas de técnicos, goleadas contra os rivais diretos e até mesmo a renúncia do presidente, envolto em denúncias de corrupção. Rogério sempre foi visto como uma liderança técnica e política dentro do clube e esse isolamento na reta final foi mais uma demonstração de que as forças estavam se esvaindo.
Secretamente, a aposentadoria de Rogério Ceni é um alívio para o são-paulino. Porque já era hora de olhar para o futuro e deixar que a lógica se encarregue de buscar um novo talento que substitua um mito de 42 anos. A tristeza que muitos torcedores sentem agora é, na verdade, mais um sentimento de nostalgia por tudo aquilo que o goleiro já representou usando as cores branca, vermelha e preta. E as lendas precisam ser respeitadas, desde que o tempo não comece a deteriorar tudo aquilo que foi construído.
Rogério Ceni não se despede com título, nem ao menos um jogo que não seja o festivo do próximo dia 11. Mas quem se importa? Talvez apenas o próprio goleiro, obcecado pela perfeição e por transformar sua presença no caminho mais curto para a glória. Para a torcida do São Paulo, não há mácula alguma. Pelo contrário: não precisará que ninguém lhe conte sobre as façanhas do goleiro. Poderá jurar pra sempre que viu com seus próprios olhos a mais bela história de um jogador do seu time.
Os adversários negam e jamais admitirão, mas defendo a tese de que todos eles gostariam de ter um ídolo como Rogério Ceni. Imagine só ter um goleiro que marcou 131 gols (incluindo nos principais rivais) e fez defesas que garantiram conquistas das mais variadas – e um simples Campeonato Paulista a um Mundial contra o Liverpool. Nada mal. Os detratores alegam muita coisa, quase tudo insustentável. A pior delas é considerá-lo um goleiro inferior por conta de uma empáfia que, muitas vezes, é apenas um sinal de inteligência num mar de obviedades boleiras.
Mas é fato também que Rogério Ceni há dois anos não consegue mais chegar nem perto de sua excelência. Os reflexos caducaram, a propriedade que tinha com a bola nos pés se transformou em armadilha para lances bisonhos, como os dois gols de cobertura marcados esse ano pelo palmeirense Robinho. Até mesmo aquela inconfundível “pochete” marcava o uniforme, denunciando que o metabolismo já não dava ao número 1 a mesma condição física.
Rogério anunciou que pararia no final do ano passado. Mas na última hora mudou de ideia e decidiu disputar mais uma Libertadores, o torneio que tem a cara do goleiro, do clube e a preferência do torcedor. Diante disso, os são-paulinos se viram diante de um dilema. Como defender seu maior ídolo, ao mesmo tempo em que os sinais de declínio se tornavam mais aparentes?
A solução foi adiada por um ano. A insistência de Rogério coincidiu com o pior ano fora dos gramados do São Paulo. Entre uma contusão e outra, o goleiro pouco pode fazer para reverter quadros graves que incluíram trocas de técnicos, goleadas contra os rivais diretos e até mesmo a renúncia do presidente, envolto em denúncias de corrupção. Rogério sempre foi visto como uma liderança técnica e política dentro do clube e esse isolamento na reta final foi mais uma demonstração de que as forças estavam se esvaindo.
Secretamente, a aposentadoria de Rogério Ceni é um alívio para o são-paulino. Porque já era hora de olhar para o futuro e deixar que a lógica se encarregue de buscar um novo talento que substitua um mito de 42 anos. A tristeza que muitos torcedores sentem agora é, na verdade, mais um sentimento de nostalgia por tudo aquilo que o goleiro já representou usando as cores branca, vermelha e preta. E as lendas precisam ser respeitadas, desde que o tempo não comece a deteriorar tudo aquilo que foi construído.
Rogério Ceni não se despede com título, nem ao menos um jogo que não seja o festivo do próximo dia 11. Mas quem se importa? Talvez apenas o próprio goleiro, obcecado pela perfeição e por transformar sua presença no caminho mais curto para a glória. Para a torcida do São Paulo, não há mácula alguma. Pelo contrário: não precisará que ninguém lhe conte sobre as façanhas do goleiro. Poderá jurar pra sempre que viu com seus próprios olhos a mais bela história de um jogador do seu time.
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