PF deflagra operação no Rio de Janeiro para prender Eike Batista e outros empresários
Informações obtidas pela TV Globo indicam que o empresário está fora do
país e é considerado foragido. De acordo com Fernando Martins, Eike vai
se entregar à polícia. O empresário é acusado de pagar propina para
conseguir facilidades em contratos com o governo, quando governador era
Sérgio Cabral.
Outros alvos da operação são o ex-governador Sérgio Cabral,
que já está preso no complexo penitenciário de Gericinó, em Bangu, e
Wilson Carlos e Carlos Miranda, que também estão presos. Esse é o
terceiro mandado de prisão preventiva expedido contra Cabral, Wilson
Carlos e Carlos Miranda. Todos os mandados de prisão foram expedidos
pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.
A PF investiga crimes de lavagem de dinheiro consistente na ocultação no exterior de aproximadamente U$ 100 milhões,
cerca de R$ 340 milhões. Boa parte dos valores já foi repatriada.
Também são investigados os crimes de corrupção ativa e corrupção
passiva, além de organização criminosa. Cerca de 80 agentes da Polícia
Federal participam da ação.
Um mandado de prisão foi cumprido contra Flávio Godinho, braço-direito
de Eike na empresa EBX, hoje vice-presidente de futebol do Flamengo. Ele
é acusado de ser um dos operadores do esquema, através da ocultação e
lavagem de dinheiro das propinas que eram recolhidas das empreiteiras
que faziam obras públicas no Rio de Janeiro. Um dos nove mandados de
prisão preventiva é contra Thiago de Aragão Gonçalves Pereira e Silva,
advogado e sócio de Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador Sérgio
Cabral.
De acordo com o Ministério Público Federal, a investigação, concentrada
nos crimes de corrupção (ativa e passiva), lavagem dinheiro, tem
avançado com base em quebras de sigilo (bancário, fiscal, telefônico e
telemático) e em acordos de delação premiada. Segundo os procuradores, a
organização criminosa liderada por Cabral movimentou, em dez meses
(agosto de 2014 a junho de 2015), R$ 39,7 milhões, cerca de R$ 4 milhões
por mês.
A PF ainda tenta cumprir também outros cinco mandados de prisão e
quatro de condução coercitiva. Os agentes também tentam cumprir mandados
de condução coercitiva contra Maurício de Oliveira Cabral Santos, irmão
mais novo do ex-governador, Suzana Neves Cabral, ex-mulher de Sérgio
Cabral, Luiz Arthur Andrade Correia e Eduardo Plass. Eles seriam
beneficiários do esquema de corrupção.
Maurício Cabral foi sócio na LRG Consultoria e Participações, de Carlos Miranda, um dos operadores do esquema de corrupção.
A PF cumpre mandados de busca e apreensão em cerca 40 endereços. São as
casas dos presos e das pessoas que estão indo prestar depoimentos e de
empresas investigadas nesse inquérito.
As empresas são:
- Hoya Corretora de Valores e Câmbio Ltda
- Canhoeta Negócios Corporativos
- Seven Lab Informática Ltda
- Boa da Noite Informática
- SCA Eventos e Consultoria Ltda
- Apoio Consultoria e Planejamento Ltda
- Havana Administradora e Corretora de Seguros Ltda.
- Unirio Assessoria Administração e Corretora de Seguros Ltda
- Corcovado Comunicação Ltda
- Américas Copacabana Hotel Ltda
- Carolina Massiere Confecções e Assessórios de Moda Ltda
- Estalo Comunicação
- JPMC Academia de Ginástica Ltda
- MCS Comunicação Integradas S/C Ltda
- Araras Empreendimentos Consultoria e Serviços Ltda
- Minas Gerais Projetos e Empreendimentos Ltda
Segundo os procuradores, a remessa de valores para o exterior foi
contínua entre 2002 e 2007, quando Cabral acumulou US$ 6 milhões, cerca
de R$ 20 milhões. Durante a gestão como governador, ele acumulou mais de
US$ 100 milhões em propinas (R$ 340 milhões), distribuídas em diversas
contas em paraísos fiscais no exterior.
Com o auxílio de colaboradores, o MPF já conseguiu repatriar cerca de
R$ 270 milhões, que estão à disposição da Justiça Federal. A
Força-Tarefa está solicitando cooperação internacional para o bloqueio e
posterior repatriação dos valores que estão em contas no exterior.
O ex-governador Sérgio Cabral foi preso na primeira fase da Lava Jato
realizada no Rio, batizada como Calicute, no dia 17 de novembro. O
inquérito policial relativo à 1º fase da resultou no indiciamento de 16
pessoas por crimes que vão de corrupção passiva e ativa, organização
criminosa a lavagem de dinheiro. Na época, os investigadores descobriram
um esquema de desvio de dinheiro público, enquanto Sérgio Cabral era
governador do Rio, de cerca de R$ 220 milhões.
Eike Batista já era investigado na primeira fase da Calicute. O
Ministério Público Federal apura um repasse de R$ 1 milhão de uma das
empresas dele ao escritório de advocacia da mulher de Sérgio cabral,
Adriana Ancelmo.
Fonte, G1
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