Corinthians empata com o Vasco e, enfim, é hexa do Brasileirão
Um dos hinos do Corinthians pode ser definitivamente abolido. Após o
empate contra o Vasco em São Januário e a conquista de seu sexto
Campeonato Brasileiro, não faz mais sentido associar o sofrimento
extremo à paixão do torcedor alvinegro.
Os últimos sete anos de bola rolando, período que separa a campanha na Série B da volta à elite, mostram justamente o oposto: Libertadores e Mundial (2012), Recopa Sul-Americana (2013), Campeonato Brasileiro (2011 e 2015), Copa do Brasil (2009) e Campeonato Paulista (2009 e 2013). Média superior a um título por ano.
O rebaixamento parece ter sido o fim de todos os paradigmas. O Corinthians ressurgiu ainda mais forte, investindo bastante no marketing, coroado pela chegada de Ronaldo e pelo sentimento de resgate do torcedor. De lá pra cá, as receitas subiram (sim, as dívidas também), o clube venceu invicto a principal competição do continente, conquistou o mundo mais uma vez e abrir as portas de sua nova casa, agora em Itaquera.
A grana explica uma parte dessa história. Ainda com uma distância bem grande dos adversários nos direitos de transmissão da Rede Globo (com exceção ao Flamengo), a marca Corinthians se tornou cada vez mais valiosa e internacional. O time fará pelo segundo ano seguido parte da pré-temporada fora do país, disputando um torneio amistoso na Flórida.. O clube também está prestes a anunciar a venda dos naming rights de sua arena, a enorme parcela que faltava para ajudar a pagar a grossa conta da construção de seu estádio.
É possível enxergar entre os torcedores uma espécie de crise existencial. Alguns protestam contra a modernização do futebol e de suas estruturas, o que teoricamente tiraria boa parte da identidade popular do Corinthians. Mas como vencer sem olhar pra frente? Como se tornar um favorito frequente sem desgarrar da arquibancada de cimento? O clube tenta cada vez mais fazer da moderna arena algo mais parecido ao que era o Pacaembu, como reservar uma das arquibancadas sem cadeiras. No duelo entre a nostalgia e o negócio, o futebol exige uma decisão mais mercadológica do que cultural. E a escolha do Corinthians o colocou à frente dos principais rivais.
Hoje, um corintiano de 15 anos praticamente desconhece a palavra crise. Quando o time foi rebaixado, ele não tinha idade suficiente para compreender. Essa geração logo será a maioria no estádio e o saudosismo de vencer sempre da forma mais difícil ficará restrito à velha guarda. Agora, sobram glórias, otimismo e a certeza de que o Corinthians ser campeão é só uma questão de tempo. Não à toa nas últimas rodadas já eram vistas diversas faixas de hexacampeão hasteadas pelos torcedores. O Brasileiro por pontos corridos premiou hoje o time de melhor campanha absoluta: maior número de vitórias, menor número de derrotas, melhor ataque, melhor defesa. Melhor em tudo.
E ainda tem Tite no banco de reservas, o treinador apontado pela imprensa e público como o sucessor natural de Dunga, quem sabe antes mesmo da próxima Copa do Mundo. Tite, que ganhou o status de ídolo, algo bastante raro para um técnico no futebol brasileiro. Que apesar de ter saído em baixa, em 2013, após um Brasileirão ruim, não se abateu com a não renovação do contrato, fez o que todo bom profissional faz quando está sem emprego. Transformou seu ano sabático numa possibilidade real de aprendizado por diversos clubes europeus e voltou para ratificar sua posição como maior treinador da história do Corinthians. E isso tudo em um ano financeiramente bem crítico para o clube.
O “Corinthians da angústia” não existe mais, ainda que possa ser eventualmente usado como mais uma peça bem-sucedida de marketing. O que se vê hoje, dentro e fora de campo, não é um time que poderia disputar a Liga dos Campeões, mas sim aquele capaz de despertar o mais sincero sentimento de inferioridade nos rivais. “Graças a deus”, dirão os corintianos, sem qualquer resquício de sofrimento.
Fonte, Carta Capital
Os últimos sete anos de bola rolando, período que separa a campanha na Série B da volta à elite, mostram justamente o oposto: Libertadores e Mundial (2012), Recopa Sul-Americana (2013), Campeonato Brasileiro (2011 e 2015), Copa do Brasil (2009) e Campeonato Paulista (2009 e 2013). Média superior a um título por ano.
O rebaixamento parece ter sido o fim de todos os paradigmas. O Corinthians ressurgiu ainda mais forte, investindo bastante no marketing, coroado pela chegada de Ronaldo e pelo sentimento de resgate do torcedor. De lá pra cá, as receitas subiram (sim, as dívidas também), o clube venceu invicto a principal competição do continente, conquistou o mundo mais uma vez e abrir as portas de sua nova casa, agora em Itaquera.
A grana explica uma parte dessa história. Ainda com uma distância bem grande dos adversários nos direitos de transmissão da Rede Globo (com exceção ao Flamengo), a marca Corinthians se tornou cada vez mais valiosa e internacional. O time fará pelo segundo ano seguido parte da pré-temporada fora do país, disputando um torneio amistoso na Flórida.. O clube também está prestes a anunciar a venda dos naming rights de sua arena, a enorme parcela que faltava para ajudar a pagar a grossa conta da construção de seu estádio.
É possível enxergar entre os torcedores uma espécie de crise existencial. Alguns protestam contra a modernização do futebol e de suas estruturas, o que teoricamente tiraria boa parte da identidade popular do Corinthians. Mas como vencer sem olhar pra frente? Como se tornar um favorito frequente sem desgarrar da arquibancada de cimento? O clube tenta cada vez mais fazer da moderna arena algo mais parecido ao que era o Pacaembu, como reservar uma das arquibancadas sem cadeiras. No duelo entre a nostalgia e o negócio, o futebol exige uma decisão mais mercadológica do que cultural. E a escolha do Corinthians o colocou à frente dos principais rivais.
Hoje, um corintiano de 15 anos praticamente desconhece a palavra crise. Quando o time foi rebaixado, ele não tinha idade suficiente para compreender. Essa geração logo será a maioria no estádio e o saudosismo de vencer sempre da forma mais difícil ficará restrito à velha guarda. Agora, sobram glórias, otimismo e a certeza de que o Corinthians ser campeão é só uma questão de tempo. Não à toa nas últimas rodadas já eram vistas diversas faixas de hexacampeão hasteadas pelos torcedores. O Brasileiro por pontos corridos premiou hoje o time de melhor campanha absoluta: maior número de vitórias, menor número de derrotas, melhor ataque, melhor defesa. Melhor em tudo.
E ainda tem Tite no banco de reservas, o treinador apontado pela imprensa e público como o sucessor natural de Dunga, quem sabe antes mesmo da próxima Copa do Mundo. Tite, que ganhou o status de ídolo, algo bastante raro para um técnico no futebol brasileiro. Que apesar de ter saído em baixa, em 2013, após um Brasileirão ruim, não se abateu com a não renovação do contrato, fez o que todo bom profissional faz quando está sem emprego. Transformou seu ano sabático numa possibilidade real de aprendizado por diversos clubes europeus e voltou para ratificar sua posição como maior treinador da história do Corinthians. E isso tudo em um ano financeiramente bem crítico para o clube.
O “Corinthians da angústia” não existe mais, ainda que possa ser eventualmente usado como mais uma peça bem-sucedida de marketing. O que se vê hoje, dentro e fora de campo, não é um time que poderia disputar a Liga dos Campeões, mas sim aquele capaz de despertar o mais sincero sentimento de inferioridade nos rivais. “Graças a deus”, dirão os corintianos, sem qualquer resquício de sofrimento.
Fonte, Carta Capital
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